O discurso independente de Hamilton Mourão incomoda lideranças do setor evangélico, que apoiaram a eleição de Jair Bolsonaro e pretendem pressionar o presidente, depois que ele deixar o hospital, para que desautorize o vice, diz o Estadão de S.Paulo. As reclamações incluem uma entrevista em que o general afirmou que aborto é uma escolha da mulher, mas o ponto central das queixas é a manifestação contrária à mudança da embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém.

"Mourão é um poeta calado. Sempre que abre a boca cria um problema para o governo", disse ao jornal o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), da frente que reúne 108 deputados e 10 senadores. "Por que o Mourão, sabendo das bandeiras do Bolsonaro, não se manifestou antes da eleição? É uma coisa feia esconder suas convicções. Faltou protocolo e ética no exercício da função dele. Mourão está fazendo campanha para 2022, mas a ala conservadora não vota nele nunca", afirmou o pastor Silas Malafaia, líder da igreja Vitória em Cristo e presidente do Conselho dos Pastores do Brasil. 

O Estadão informa que fontes do primeiro escalão das Forças Armadas disseram que Mourão age de forma "coerente" com o pensamento dos militares, especialmente quando faz críticas à política externa – e quando desautorizou, por exemplo, o chanceler Ernesto Araújo sobre a oferta de uma base no Brasil para os EUA – e sinaliza que a prioridade do governo deve ser a agenda econômica, e não a de costumes.

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