Como fã que sou de artigos bem escritos, que tragam em seu bojo opiniões coerentemente defendidas, volta e meia me pego a ler o jornalista Dante Filho, contumaz articulista em nossa cidade. Em que pese a maioria de seus artigos versarem sobre o PSDB e sua visão neoliberal, todavia, seu texto é sempre bem escrito e coerente, em concordância com os pensamentos de parcela do povo brasileiro que acreditam nessa visão. Assim, pelo amor ao debate, e pela visão diametralmente antagônica das que eu possuo, não posso me furtar de até admirá-lo intelectualmente.

 

E me peguei a ler neste fim de semana seu último artigo em que critica o ar condicionado do Palácio Popular da Cultura, que não funciona, concordo plenamente ser uma vergonha para nosso Estado. Todavia, o articulista continua e critica ferozmente nossa vice-governadora Rose Modesto, governadora em exercício, por seu discurso de improviso, cheio de erros de concordância, aos quais classifica de "jequice". 

 

Ora, então foram dois discursos. Um ouvido pelo articulista e outro ouvido por este que aqui escreve, que também estava lá. Todos os presentes, à exceção do presidente da OAB-MS Mansour Karmouche, falaram de improviso, com vocabulário mais informal, o que hoje é algo que se impõe até neste tipo de evento (a posse da nova diretoria da OAB-MS). Era uma cerimonia festiva e a governadora em exercício falou como qualquer político falaria, inclusive o governador Reinaldo, o qual vi várias vezes cometendo erros de concordância em debates, e mesmo assim foi eleito, sem evidentemente nenhuma crítica do ora articulista, eleitor confesso do PSDB.

 

Por outro lado, após o evento saí pra jantar com o presidente nacional da OAB, Dr. Marcus Vinicius, e diretores da OAB-DF. E todos elogiaram a humildade, simpatia e jovialidade de Rose, o que por si só já pode desconsiderar que a citada "jequice" fosse algo vergonhoso para nós.

 

Por fim, só cabe exaltar a promessa da governadora em exercício, de que irá encaminhar a proposta do piso salarial da advocacia para aprovação da Assembleia (luta histórica da ANA-MS e OAB-MS), o que arrancou aplausos efusivos da platéia, que, em nenhum momento, se mostrou "incomodada" com o discurso. Mesmo que o jornalista classifique de demogogia o piso salarial prometido.

 

De tudo, tiramos lições, e a que mais tiro é que sempre é possível ter opiniões diversas. Desde que com coerência e embasamento.

 

(*Yves Drosghic é advogado licenciado e superintendente regional do Trabalho em MS)