Fernando Mellone (*)
Estratégias essenciais para defesa cibernética no setor público
A tecnologia representa um dos pilares fundamentais na transformação governamental. Torna-se evidente que o investimento em digitalização é crucial para alcançar resultados significativos na administração pública. Contudo, com o aumento da digitalização de iniciativas e processos, surge também um crescimento na quantidade e complexidade de ataques cibernéticos, apresentando desafios significativos no gerenciamento desse ambiente inovador.
Esses desafios são amplificados pela persistência de sistemas legados obsoletos, que demandam investimentos estratégicos mais eficazes. Nesse contexto, tecnologias inovadoras como Inteligência Artificial (IA) e observabilidade emergem como soluções promissoras, capazes de revolucionar a gestão de redes e infraestruturas de TI por órgãos públicos. Com a adoção dessas inovações, é possível desenvolver sistemas mais inteligentes e adaptáveis, equipados para lidar com as adversidades e exigências do mundo moderno. O Gartner prevê que mais de 70% dos órgãos governamentais usarão a IA para aprimorar a tomada de decisões administrativas humanas até 2026.
Atualmente, um dos maiores desafios para redes e sistemas governamentais é a dependência de soluções de segurança tradicionais, que se limitam a defender contra riscos previsíveis. Em um cenário global volátil e em constante evolução, é vital que os governos abandonem soluções ineficazes contra ameaças novas e imprevistas. É essencial adotar tecnologias dinâmicas que se ajustem ao ambiente digital e proporcionem uma compreensão completa das redes e ativos de TI, antecipando ataques potenciais e respondendo automaticamente a incidentes.
A visibilidade total é imprescindível para entender as vulnerabilidades, identificar problemas existentes, resolvê-los e preveni-los. Nesse aspecto, IA e observabilidade assumem um papel central. Integrando essas tecnologias, os órgãos públicos podem proativamente detectar vulnerabilidades e reagir a ameaças em tempo real. A observabilidade oferece uma análise detalhada do estado atual de sistemas ou redes, utilizando uma ampla gama de dados gerados. Em ambientes complexos e distribuídos, como os nativos da Nuvem, ela permite identificar e resolver proativamente problemas. Com a observabilidade, os aspectos desconhecidos são eliminados.
Quando combinada com Inteligência Artificial para operações de TI (AIOps), a observabilidade torna-se ainda mais eficaz. Utilizando AIOps para monitorar eventos em ecossistemas digitais, é possível automatizar diversos processos de segurança, incluindo monitoramento de aplicações, inteligência de ameaças e resposta a incidentes. Essa abordagem é crucial para identificar padrões de ocorrências e suas causas de forma automática.
Além disso, equipes de TI podem avaliar rapidamente o impacto de atualizações em sistemas e aplicações, antecipando e resolvendo incidentes antes que se tornem perceptíveis aos usuários finais. Isso permite inovações mais ágeis e garante a máxima disponibilidade dos serviços, essencial para o setor público, especialmente em face de ameaças zero-day.
Diante dos crescentes desafios de segurança cibernética, é imperativo que os governos adotem uma abordagem proativa baseada em IA e observabilidade para proteger seus ativos digitais. Também é necessária uma mudança de mentalidade em relação à segurança cibernética, tratando-a como uma prioridade estratégica, e não apenas uma preocupação operacional.
O êxito na proteção de redes e sistemas governamentais dependerá da capacidade de adaptação e inovação dos órgãos frente a um cenário de ameaças cada vez mais críticas, com potenciais consequências desastrosas, como vazamentos de dados de cidadãos. Ao proteger sua infraestrutura, os governos também reforçam a segurança dos indivíduos. As tecnologias necessárias já estão disponíveis; agora, é crucial avançar na jornada de inovação.
(*Fernando Mellone é diretor de Vendas para o Setor Público da Dynatrace no Brasil)
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Postado por: Fernando Mellone (*), 27 Junho 2024 às 11:45 - em: Falando Nisso