'Esselentíssimo juiz'
ilustração Reprodução
Gaudêncio Torquato publica o "causo" jurídico abaixo em suas Porandubas Políticas:
"Ao transitar pelos corredores do fórum, o advogado, que também era professor, foi chamado por um dos juízes:
– Olha só que erro ortográfico grosseiro temos nesta petição. Que coisa vergonhosa!
Estampado logo na primeira linha do petitório lia-se:
'Esselentíssimo juiz'.
Gargalhando, o magistrado perguntou ao advogado:
– Por acaso, professor, esse advogado foi seu aluno na faculdade?
– Foi sim – reconheceu o mestre. Mas onde está o erro ortográfico a que o senhor se refere?
O juiz pareceu surpreso:
– Ora, meu caro, acaso você não sabe como se escreve a palavra Excelentíssimo?
Então explicou o professor:
– Doutor juiz, acredito que a expressão pode significar duas coisas diferentes.
Se o colega desejava se referir à excelência dos seus serviços, o erro ortográfico efetivamente é grosseiro. Entretanto, se fazia alusão à morosidade da prestação jurisdicional, o equívoco reside apenas na junção inapropriada de duas palavras.
O certo então seria dizer:
'Esse lentíssimo juiz'.
... Silêncio geral!
Depois desse episódio, aquele magistrado nunca mais aceitou o tratamento de 'Excelentíssimo juiz', sem antes perguntar:
– Devo receber a expressão como extremo de excelência ou como superlativo de lento?"
Deixe seu comentário
Postado por: Marco Eusébio, 02 Setembro 2023 às 13:00 - em: Principal