Em Campo Grande, o pai de uma menina de 9 anos levou a filha para ser vacinada contra covid-19 sem a mãe saber e acabou ameaçado pela ex de nunca mais ver a criança. O homem, que pediu para não ter seu nome divulgado para evitar mais problemas com a mulher, contou ao G1 MS que, apesar de ter se vacinado, a mulher era contra a imunização da filha. “Ela me mandava fake news por mensagens, sobre vírus chinês, chip, essas coisas. Ela se vacinou quando surgiu a Janssen, usou como desculpa que era dose única”.

 

Segundo ele, a relação com a mãe da filha era normal até 2018, ano das últimas eleições nacionais. “A gente tem um relacionamento até bom, nunca tivemos problema com relação à nossa filha, educação, saúde. Pelo perfil ideológico que ela teve a partir de 2018, as coisas mudaram”, afirmou. Apesar das ameaças, ele espera poder levar a filha para tomar a segunda dose no dia 18 de fevereiro. “Estou com a consciência tranquila, dever cumprido. [Se acontecer algo] por omissão não vai ser”, observou. 

 

O QUE DIZ A LEI – A presidente da Comissão de Direito de Família da OAB-MS, Paula Guitti Leite, disse ao site que, tanto em casos de guarda compartilhada (como ocorre neste caso), quanto de unilateral, o pai ou a mãe é autorizado a vacinar os filhos, mesmo sem consentimento da outra parte. “Pode e deve”, afirma a advogada a respeito de guarda compartilhada. “Nos casos de guarda unilateral, conferida à mãe, o pai, como detentor do poder familiar deve exercer sua função parental. Sendo assim, deve primar pela integridade mental, emocional e física da criança, devendo, portanto, vacinar a filha, conforme o artigo 227 da Constituição Federal”, explicou a profissional do direito.