Em Bonito, ministros do Brics condenam protecionismo agrícola dos países ricos
Guilherme Martimon/Mapa
Tereza Cristina e demais ministros da Agricultura do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e a África do Sul) criticaram o protecionismo adotado por países ricos e defenderam regras no comércio agrícola internacional que permitam equidade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. "O protecionismo em países desenvolvidos tem ameaçado a viabilidade de uma revolução verde em países em desenvolvimento, por expô-los à competição injusta de bens subsidiados e por negar acesso a mercados consumidores importantes", afirmou Tereza ao abrir ontem o encontro do Brics que termina hoje em Bonito. Para o vice-ministro da China, Taolin Zhang, o Brics pode ser importante ator na redução da pobreza mundial. Na China, a meta é zerar a pobreza até 2030. O país defende uma reforma no comércio agrícola para ampliar a produção, melhorar a infraestrutura, promover a inovação tecnológica e conectividade. Zhang disse ainda que o Brics deve se posicionar contra o “protecionismo negativo”.
Conforme Tereza, ao abandonar princípios "baseados em ciência na regulação da produção e do comércio de alimentos", os países ricos penalizam todo o ecossistema de inovação que permitiria alimentar mais pessoas com o emprego de menos recursos. "Ao desinformar consumidores, ceder a grupos de pressões e se afastar das regras multilaterais, certos atores importantes prejudicam os mesmos objetivos que dizem proteger: o desenvolvimento dos mais pobres; o acesso democrático a alimentos de qualidade; e a preservação do meio ambiente", afirmou. Tereza frisou que "o futuro demanda um setor agrícola cada vez mais produtivo com sustentabilidade", citou medidas já adotadas pelo Brasil para cumprir essa meta, entre elas o Plano Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), que ajuda os produtores rurais a se adaptarem às mudanças climáticas e reduz a emissão de gases de efeito estufa.
"No caso do Brasil, posso dizer que temos muito orgulho da sustentabilidade ambiental e econômica de nossa agricultura. Trabalhamos incessantemente para promover iniciativas como a recuperação de pastagens degradadas, a ampliação das áreas de plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta, a adoção de técnicas de fixação biológica de nitrogênio e o uso de tecnologias de tratamento de resíduos animais", disse a ministra.
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Postado por: Marco Eusébio, 26 Setembro 2019 às 14:00 - em: Principal