Wagner Cordeiro Chagas (*)
Eleições 2014: um tucano se elege governador de MS
O ano de 2014 marcou o último da gestão André Puccinelli (PMDB), que se encerrou com saldos positivos em investimentos em diversas áreas, mas com algumas obras deixadas para o outro governo, como o Aquário do Pantanal, em Campo Grande. No início daquele ano havia uma expectativa de que o governador renunciasse para disputar o Senado Federal e a então vice-governadora Simone Tebet (PMDB) assumisse o cargo. No entanto, isso não ocorreu e Simone foi a indicada pelo partido para disputar uma cadeira no Senado.
Por outro lado, era forte a possibilidade de uma união de PT e PSDB no estado, haja vista que o então senador Delcídio do Amaral (PT) e o então deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB) percorriam juntos, desde meados de 2013, Mato Grosso do Sul com o projeto “Pensando MS”, que visava ter Delcídio candidato a governador e Azambuja a senador, numa mesma chapa. Ao mesmo tempo, o candidato do PMDB a governador Nelsinho Trad Filho não conseguia passar do segundo lugar nas pesquisas, lideradas pelo candidato do PT.
O projeto do senador petista foi por água a baixo quando o PSDB nacional lançou o senador mineiro Aécio Neves candidato à Presidência da República e exigiu-se que a legenda lançasse Reinaldo Azambuja a governador. Assim, Delcídio concorreu ao lado da candidata a reeleição Dilma Rousseff (PT), Reinaldo ao lado de Aécio, e Nelsinho Trad com Eduardo Campos (PSB) - que faleceu no início da campanha em acidente aéreo no mês de agosto e foi substituído por sua candidata a vice Marina Silva, também do PSB.
O PP liderado pelo na época prefeito cassado de Campo Grande, Alcides Bernal, lançou a governador o vereador corumbaense Evander Vendramini; o PSOL concorreu com o professor Sidney Melo e o PSTU com o também professor Marcos Monje.
Aquele ano foi marcante no Brasil por pelo menos dois motivos: primeiro, o fato de o país sediar, pela segunda vez, a Copa do Mundo de Futebol, e segundo, a revelação, por meio da operação da Polícia Federal denominada Lava Jato, de um grande escândalo de corrupção de propinas na Petrobras, que envolvia vários políticos do PT e de outros partidos.
Com isso, a campanha eleitoral ao governo de 2014 foi marcada pelo debate em torno de suspeitas de envolvimento do candidato do PT nos escândalos revelados pela Lava Jato. Isso fez com que a candidatura de Reinaldo Azambuja se beneficiasse e crescesse nas pesquisas por ser uma candidatura que poderia substituir por aqui a polarização PT e PMDB. Delcídio e Azambuja foram para o segundo turno do pleito. Com apoio do PMDB do candidato derrotado Nelsinho Trad, Reinaldo Azambuja virou o jogo e se elegeu, tornando-se o primeiro governador do PSDB nesta unidade da federação.
Os deputados estaduais eleitos foram: Marquinhos Trad, Renato Câmara, Junior Mochi, Eduardo Rocha, Maurício Picarelli e Antonieta Amorim, todos do PMDB. Do PSDB: Ângelo Guerreiro, Professor Rinaldo, Flávio Kayatt e Onevan de Matos. Pelo PT: João Grandão, Cabo Almi, Amarildo Cruz e Pedro Kemp. Pelo PDT: Felipe Orro, Beto Pereira e George Takimoto. Do PR: Paulo Corrêa e Grazielle Machado. Do PT do B: Mara Caseiro e Marcio Fernandes. Os demais foram: Barbosinha (PSB), Lídio Lopes (PEN) e Zé Teixeira (DEM).
À Câmara dos Deputados, pelo PT foram eleitos: Zeca do PT e Vander Loubet. Carlos Marun e Geraldo Resende pelo PMDB. Os demais, cada um por uma sigla: Marcio Monteiro (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Dagoberto Nogueira (PDT) e Tereza Cristina (PSB).
Ao Senado foi eleita Simone Tebet (PMDB) que disputou com Ricardo Ayache (PT), Alcides Bernal (PP), Antônio João (PSD), Lucien Rezende (PSOL) e Valdemir do PSTU.
(*Wagner Cordeiro Chagas é mestre em História pela UFGD e professor em Fátima do Sul, pesquisa sobre história política de MS desde 2007 e é autor do livro “As eleições de 1982 em MS” - 2016)
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Postado por: Wagner Cordeiro Chagas (*), 05 Dezembro 2018 às 10:15 - em: Falando Nisso