Eita, olhe ele aí de novo Heitor Freire (*)

Eita, olhe ele aí de novo

Na quinta-feira, 20 de março, começou o outono no Hemisfério Sul e a primavera no Norte. O início das estações é marcado por um equinócio, quando os raios solares têm a mesma incidência nos dois hemisférios e os dias e as noites têm a mesma duração. Estação mais amena e abençoada do ano, ele foi chegando, como quem não quer nada, mas traz tudo – sua majestade, o outono. A estação do amor e do desapego.
 
O outono se caracteriza por ser uma estação em que ocorre uma pausa, uma transitoriedade entre o verão e o inverno. É também a estação das frutas, pela enormidade de frutas tropicais que são colhidas nesse período.
 
Aqui em nossa cidade, assistimos as margens do córrego Prosa, onde florescem as paineiras, ficarem iluminadas pela beleza de suas flores, que após cumprir seu ciclo enfeitam o leito do rio com sua multicolorida e alegre emanação, formando um tapete inigualável.
 
É também a estação do amor. Eu sou nascido nessa estação. Costumo dizer que não tenho primaveras – como é comum nos referirmos à idade – eu tenho outonos, com muito orgulho.
 
O outono me proporciona uma reavaliação de tudo, e como sou tão agradecido pela minha vida, pela minha família, pelo meu trabalho, sempre que chega o outono me vejo na condição de escrever, reescrever e publicar a alegria do amor e da continuidade. Assim, tenho uma identificação mental e espiritual com esta estação que me inspira e me estimula. Quando chega o outono, eu sempre sinto um novo renascer.
 
Em geral, pessoas de outono são positivas, dinâmicas e cheias de vitalidade. Elas falam o que pensam, são rápidas na tomada de decisões e não deixam dúvida sobre o que gostam e o que não gostam. Além disso são pessoas originais, independentes e líderes. 
É o tempo de transformação e mudança de ênfase para o crescimento interior. Para avaliar tudo o que foi plantado e colhido e agradecer a colheita, seja ela farta ou escassa, tendo consciência do aprendizado, sem pedir nada em troca.
 
O outono é a estação mais espiritualizada do planeta e está no ar, de novo e sempre, trazendo a dimensão da transitoriedade, da renovação, da transformação, do desapego, do esvaziamento para o preenchimento do novo: o outono chegou! 
 
É uma estação tão marcante que renova e embeleza tudo. É a estação do silêncio, que resplandece em sua plenitude, é o momento do recolhimento, da meditação, da reflexão. É a chegada da serenidade. Saber esperar é uma virtude. Aceitar, sem questionar, que cada coisa tem seu tempo certo para acontecer... é ter fé! Fé que não é apenas crença, mas sobretudo fidelidade.
 
O outono nos leva à meditação serena e silenciosa, quando também aprendemos que cada um deve viver sua vida de forma natural, sem permitir influências externas e deve ser vivida sempre de uma nova maneira. Aprendemos, ao mesmo tempo, que cada um vive em função do outro. Ninguém deve viver para si mesmo. Aquele que se fecha no seu invólucro íntimo acaba se isolando do todo e perdendo a grande oportunidade que a vida nos proporciona: o crescimento interior pela convivência com o outro.
 
O outono tem um poderoso simbolismo, pois se trata da estação do ano em que o verão acabou de ficar para trás, e então dá início a um período de introspecção. Nessa época, assim como as árvores deixam suas folhas caírem, nós também somos influenciados a deixar para trás o que já não nos serve mais, o que já está terminado, para que assim possamos criar um espaço em nossas vidas para florescermos novamente.
 
Terminado o verão com sua agitação inerente, nos encaminhamos para o recolhimento do outono, passando por uma transição natural, num momento próprio para encontrarmos serenidade e prazer, a fim enfrentarmos os obstáculos e os problemas da vida. 
Quando chega o outono, com a harmonia de um céu cristalino, advém uma lição de sabedoria, a pessoal e intransferível responsabilidade de cada um, de buscar e aproveitar a inefável experiência da vida. Esse momento nos proporciona a oportunidade de um encontro íntimo, convidando e estimulando nossa espiritualidade para um encaminhamento único em busca do bem.
 
Já se percebe a presença do espírito da fé, da gratidão, da perseverança e da solidariedade, indispensáveis para este momento.
 
Precisamos seguir em frente, encarar todos os obstáculos com consciência – mesmo porque não há outro jeito –, e assim fazer de nossas vidas um hino de amor e de gratidão a Deus, cumprindo os ensinamentos que Jesus nos proporcionou de forma simples, clara e verdadeira.
 
Vamos unir a espiritualidade e o recolhimento do outono com os momentos que estamos vivendo. Quando toda angústia, dor, e sofrimento passarem – e isso acontecerá –, utilizemos os momentos vividos como lição perene de aprendizado e de elevação espiritual.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 29 Março 2025 às 10:15 - em: Falando Nisso


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