Heitor Freire (*)
Do Quociente Espiritual
A evolução científica e tecnológica está se processando de forma muito acelerada. A velocidade das descobertas causa perplexidade, tal a imensa gama de informações que circulam a cada momento.
No início do século XX, o QI era a medida definitiva da inteligência humana. Só em meados da década de 1990 é que o conceito de inteligência emocional mostrou que não bastava o sujeito ser um gênio se não soubesse lidar com as emoções e com seus pares. O psicólogo americano Daniel Goleman criou o termo “Quociente Emocional-QE”, que se refere à habilidade natural do ser humano para exprimir emoções.
Agora a ciência começa este novo milênio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela nos ajudaria a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova era no mundo dos negócios e da vida.
Este tema sempre mereceu da minha parte uma grande atenção.
No livro QS - Inteligência Espiritual, a física e filósofa americana Dana Zohar aborda esse tema que é tão novo quanto polêmico: a existência de um terceiro tipo de inteligência que aumenta os horizontes das pessoas, as torna mais criativas e se manifesta em sua necessidade de encontrar um significado para a vida.
Ela baseia seu trabalho sobre Quociente Espiritual (QS) em pesquisas só há pouco divulgadas, provenientes de cientistas de várias partes do mundo que descobriram o que está sendo chamado ‘Ponto de Deus’ no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar significado e valores para nossas vidas, uma área que seria responsável pelas experiências espirituais das pessoas.
O assunto é tão atual que foi abordado em reportagens de capa pelas revistas americanas Newsweek e Fortune. Segundo Dana Zohar, “a inteligência espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos numa cultura espiritualmente estúpida, mas podemos agir para elevar nosso quociente espiritual”.
Ela é autora de oito livros, entre eles O Ser Quântico e A Sociedade Quântica, já traduzidos para o português. QS – Inteligência Espiritual já foi editado em 27 idiomas e foi lançado no Brasil pela Record.
“Inteligência espiritual tem a ver com o que eu sou, com os meus valores”, lembra a pensadora, que avisa: “precisamos alimentar essa inteligência para motivar a cooperação – entre a família, a comunidade, os países. Só assim vamos encontrar soluções positivas para o planeta, e nos encontrar nessa busca também”.
Dana elencou doze princípios da inteligência espiritual:
1.Ter pensamentos positivos, sempre. Não pensar como vítima das circunstâncias, pensar que sofrer é uma oportunidade de ser forte. “A crise econômica atual é uma oportunidade de pensar nossos valores”, lembra Dana.
2. Descobrir quem você é. O que me faz levantar de manhã? Para que eu vivo, por quem ou por que daria minha vida? O que me motiva a fazer as coisas diariamente?
3. Ter humildade. Precisamos saber que o que fazemos parte de um sistema, e que precisamos prestar atenção nos outros, lembrando que existem diversos pontos-de-vista – não apenas o seu, unicamente.
4. Viver a compaixão. A origem dessa palavra significa “sentir com”. Lembre-se sempre: eu sinto que sou você, e que você sou eu.
5. Rever seus valores. Precisamos pensar menos em “eu, meu” e mais em “nós, nossos”. E precisamos rever nossos valores para servir uns aos outros. Como fazer isso? “Pergunte a você mesmo, qual é o melhor que você pode dar”, avisa a filósofa.
6. Viver o presente. Tire o peso do passado e das preocupações – e viva o agora.
7. Estamos conectados, e o jeito que vivo minha vida afeta a vida do outro. “Se me sinto negativo, espalho essa negatividade para minhas relações, minha comunidade. Mas se me sinto esperançoso e que posso fazer melhor, espalho essa atitude para as outras pessoas”.
8. Responda a uma questão fundamental: sempre perguntar por quê! Nós nos fechamos à verdade se não questionamos.
9. Mudar a sua mente, seus paradigmas, e colocar seus pontos-de-vista sob uma nova perspectiva. Isso é muito necessário no meio empresarial, destacou Dana. Educação significa memorização, imposição? Ou é ajudar as crianças a fazerem as boas perguntas?
10. Valorizar seus princípios, mesmo que sejam impopulares. Entretanto, não seja arrogante de que está certo, mas questione-se. Escute os outros, mas veja o que você quer acreditar, para o que você quer lutar.
11. Celebrar a diversidade. Isso não significa numa empresa, por exemplo, simplesmente colocar uma mulher ou negro num cargo alto, mas construir um pensamento do que significa a diferença para você, e o que ela tem a te ensinar. Dizer “obrigada por ser diferente, por me fazer questionar a mim mesmo”.
12. Descobrir a sua vocação, o seu propósito de vida e em como você pode fazer a diferença. “Você não precisa ser Gandhi ou Barack Obama. Cozinhar um bolo para sua família, um pai que vai brincar com o filho dando o seu melhor, são maneiras de servir a humanidade com o melhor que temos”.
Para terminar, um recado aos comunicadores e educadores em geral: “Eu chamo a todos para a revolução não-violenta, onde as novas tecnologias podem mudar o mundo, sim, e que é preciso acreditar que você pode fazer a diferença.”
Ou seja, nossa encarnação tem uma pedagogia própria, por meio da qual vai nos ensinando o que realmente somos, proporcionando aos que têm olhos para ver, ouvidos para ouvir e mente para discernir a oportunidade de construirmos a nossa evolução.
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
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Postado por: Heitor Freire (*), 23 Novembro 2024 às 09:10 - em: Falando Nisso