Deputados retomam debate sobre mudança do nome de MS para Estado do Pantanal
Luciana Nassar/Alems
Com o debate sobre a criação de uma legislação de proteção do Pantanal na pauta do governo Eduardo Riedel (PSDB), deputados estaduais voltaram a defender a mudança do nome de Mato Grosso do Sul para Estado do Pantanal.
A ideia é antiga, mas nunca avançou por questões políticas. Foi lançada no governo Zeca do PT, que hoje é deputado estadual. Na época, a oposição fez acirrada campanha contrária nos meios de comunicação para evitar que o governo petista deixasse sua marca na história mudando o nome do Estado. O saudoso senador Ramez Tebet (MDB), por exemplo, alegou que quem era de Três Lagoas, sua cidade, não poderia ser chamado de pantaneiro.
Os opositores chegaram a dizer, inclusive, que a sigla do Estado do Pantanal seria PT. Muita gente acreditou nessa história por ignorar a legislação nacional, que determina que a primeira letra do nome de um Estado e as subsequentes devem formar sua sigla. Como PA é a sigla do Pará, um Estado do Pantanal teria como sigla PN.
Havia até políticos que alegavam ser de Mato Grosso do Sul e não do Estado vizinho, o que gerava uma situação grotesca já que eram todos eram mais velhos que o novo Estado e em seus registros de nascimento constava naturais do antigo Mato Grosso uno.
Seja como for, a campanha contrária a proposta de um governo petista em uma região conservadora ganhou força, e a ideia não avançou. Agora, com um governo tucano, o assunto volta a ser proposto defendido por gente de variados partidos e ideologias.
Na última sessão da semana da Assembleia Legislativa (Alems) na quinta-feira, o deputado Pedro Kemp (PT) levantou o tema ao defender um plebiscito para a população decidir sobre a possível mudança do nome do Estado. A sugestão teve adesão de deputados de outros partidos.
O Professor Rinaldo Modesto (Podemos) comparou o constrangimento de alguém errar seu nome próprio, com a constante gafe de confundir o Estado com o viznho Mato Grosso. “Meus parentes de fora só falam Mato Grosso. É ruim ouvir isso, mesma coisa de te chamarem com outro nome. Pensa no quanto iríamos ganhar com a mudança, além de ser louvável do ponto de vista de preservação, temos que cuidar desse patrimônio que é nosso”, opinou.
Paulista de nascimento, Antonio Vaz (Republicanos), disse que ao vir para Mato Grosso do Sul sempre ouviu chamarem o estado de Mato Grosso. “Aqui fui muito bem recebido e é verdade que meus familiares falam Mato Grosso até agora. Tive a oportunidade de sobrevoar o Pantanal e vi a maravilha que é. Sou favorável pela mudança do nome. Vamos ganhar muito com isso. Perdemos muito em turismo”, declarou.
Por décadas, os moradores de Mato Grosso do Sul reclamam do fato de as pessoas de outros Estados, inclusive autoridades e até parte da imprensa insistirem em chamar o Estado de Mato Grosso. Embora desagradável, é preciso entender que para quem está no Paraná, por exemplo, seja difícil chamar de Sul um Estado que é seu vizinho ao Norte.
O nome de Mato Grosso do Sul foi escolhido durante o governo do general Ernesto Geisel, que assinou divisão do Estado. Na época, as principais lideranças políticas da nossa região brigavam entre sí para ver quem seria o primeiro governador nomeado pelo governo militar e, diante desse embate, ninguém promoveu um debate mais profundo sobre a denominação da nova unidade da Federação.
Vale lembrar que, até então, o único Estado que levava Sul no nome fica no extremo-sul do País. E os gaúchos, curiosamente, costumam chamar seu Estado apenas de Rio Grande.
Mudar o nome do Estado não é coisa fácil. O assunto divide opiniões. Além disso, pesa a questão de costumes e tradições e o receio natural que as pessoas tendem a ter a mudanças pela incerteza que são inerentes a quaisquer mudanças.
Os defensores da ideia lembram que o Estado ganharia muito economicamente, já que Pantanal é uma grife internacional e está, depois da Amazônia, entre os nomes nomes de regiões brasileiras mais conhecidos em nível mundial. Frisam ainda que a mudança acabaria de vez com essa história de ser confundido com o Estado vizinho.
Se aqui fosse Estado do Pantanal, na época da Copa do Mundo sediada no Brasil, não haveria nem discussão sobre quem sediaria os jogos na região do Pantanal. Como não era, esse jogo foi vencido por Cuiabá (MT) que, de quebra, ganhou um belo estádio.
E por falar em Cuiabá, vale lembrar que quando o governo Zeca defendeu a mudança do nome, políticos e a imprensa cuiabanos reforçaram a campanha contra a mudança do nome do Estado vizinho, já que perderiam muito. Afinal, embora 65% do território do Pantanal esteja localizado em Mato Grosso do Sul apenas 35% no vizinho do norte, a maior planície alagada do planeta até hoje é chamada por muitos como "Pantanal do Mato Grosso".
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Postado por: Marco Eusébio, 19 Agosto 2023 às 13:30 - em: Principal