Dante Filho (*)
Depois que o vendaval passar
Vejo o debate acirrado entre os “militontos” do “Fora Dilma” e do “Não vai ter golpe” e acho graça. Jornalistas, artistas, empresários, intelectuais, enfim, a chamada massa opinativa do Brasil, vem se esbofando nos últimos dias em torno de dois slogans que, no fundo, servem de arma nessa luta retórica da barbarização do pensamento.
O momento político é tenso e não adianta tentar estabelecer critérios racionais de discussão porque, como afirmou o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, “está todo mundo gritando e todos estão surdos ao mesmo tempo”.
No fundo, os opinantes deveriam ouvir mais os economistas do que os advogados criminalistas, mas tente explicar isso para quem está cego de ódio por petralhas e coxinhas, dividindo mundo em duas esferas morais, sem compreender que a realidade habita a confluência das zonas cinzentas, longe do preto e do branco da vida. Complicado.
Quando me perguntam se Dilma vai cair, respondo que sim. Se Lula vai ser preso, repito a mesma resposta. Quais serão as consequências futuras desses eventos repletos de som e fúria? Aí tenho o bom senso de afirmar que não sei, ninguém sabe, mas que tenho certeza, como diria o conselheiro Acácio, que alguma coisa vai mudar.
Diante disso, a única especulação concreta que posso fazer é sobre qual dos lados ganhará o sentido da verdade histórica, Hegelianamente pensando.
Se a tese do impeachment vencer (ou Dilma renunciar) e a situação der sinais de melhora, a turma do “não vai ter golpe” poderá fazer uma autocritica e guardar o ressentimento para as eleições de 2018.
Se a presidente sobreviver (milagre, milagre!), certamente o pessoal do “Fora, Dilma!”, manterá a faca nos dentes e poderá jogar o País nas mãos de aventureiros radicais tipo Bolsonaro.
Tudo é possível. Tudo pode acontecer, inclusive nada. O importante é que teremos registros à mão sobre tudo que foi dito nesses dias loucos quando a tempestade passar.
Será curioso fazer uma análise desse material para ver a quantidade de bobagens que todos escrevemos. No futuro, podem acreditar, só há uma certeza: vamos continuar a falar do futuro.
(*Dante Teixeira de Godoy Filho é jornalista militante em Campo Grande MS - dantefilho@terra.com.br)
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Postado por: Dante Filho (*), 24 Março 2016 às 10:15 - em: Falando Nisso