Da transparência Heitor Freire (*)

Da transparência

“Haz como si vivieras entre paredes de cristales”
Dorila Rodriguez de Freire
 
 
As vicissitudes da vida moderna, com todas suas exigências e modismos, aceleram nossas atitudes, criam ilusões, e acabam por mascarar e esconder as verdadeiras oportunidades que a encarnação nos proporciona.
 
Passamos a privilegiar o ter, em detrimento do ser. O que passou a ter valor é a forma física, a exibição de privilégios, o carro do ano, a aparência acima de tudo, numa total inversão de valores.
 
A soberba, a ganância e o egoísmo passaram a ocupar um lugar proeminente no concerto geral das coisas.
 
A simplicidade, a humildade e a sinceridade foram trancadas num armário fechado com a chave escondida. A vida, cada um de nós tem a sua, e vivê-la com consciência coroa um trabalho verdadeiro. Não precisamos e não devemos imitar ninguém.
Aprendi que no universo existem as leis universais – com o perdão pela redundância –, das quais destaco:  a Lei do Retorno, que determina que tudo o que fizermos, seja lá o que for, voltará multiplicado; a Lei da Verdade, que ensina que ela sempre prevalecerá, mais cedo ou mais tarde; e, por fim, a Lei do Mérito, que premiará as nossas iniciativas merecedoras de reconhecimento.
 
A falta de transparência em nossas atitudes e comportamentos caracteriza um desajuste, pois denota ações realizadas em função do interesse próprio, e não em harmonia com o bem da coletividade.
 
Outro fator que frequentemente nos conduz a atitudes equivocadas é a suposição. A suposição é a ação ou efeito de supor ou considerar algo como existente, dar existência àquilo que não existe, mas que se pretende adivinhar por meio de indícios ou sinais que não correspondem aos fatos, mas que exercem uma influência que pode ser decisiva. É preciso vencer a barreira da suposição. 
 
Suposições não são fatos, mas noções subjetivas, generalizadas, que não carecem de prova para serem validadas. São simples suposições que podem virar espuma.
Devemos nos tornar observadores atentos a tudo que nos cerca e nos influencia, para fazermos uma avaliação consciente e individual, sem acrescentar maior significado a um evento. Essa atitude simples contribui para o senso de imunidade em relação a acontecimentos imaginários. Observo que muitas pessoas se emprenham pelo ouvido, sem analisar criteriosamente as informações que chegam.
 
O que deve prevalecer é a busca do autoconhecimento que nos orientará e fornecerá segurança interna, pois todos somos capazes de desvendar a verdade dos fatos com nosso discernimento, dependendo unicamente de utilizar as ferramentas certas que nos conduzirão de forma clara aos nossos objetivos.
 
“Haz como si vivieras entre paredes de cristales” – este ensinamento era frequentemente repetido pela minha mãe, dona Dorila, aos filhos, como se fosse um mantra, e muito me orientou para a verdadeira coerência entre a palavra e o comportamento, a transparência em meus atos, e tem me servido desde sempre como um farol a iluminar o meu caminho.
 
Minha mãe era uma mulher sábia e experiente, soube superar desafios, com simplicidade e determinação, sem se dobrar às circunstâncias adversas que surgiram em seu caminho.
 
Meus pais, Luiz e Dorila, com seus exemplos, deixaram para nós uma herança imorredoura, forjando o caráter de cada um de nós. Meu pai inculcou em nosso espírito a disciplina espartana, e minha mãe, com sua doçura, amor e simplicidade, a filosofia ateniense. É uma herança que procuro transmitir às minhas filhas, genros e netos.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 16 Dezembro 2023 às 08:00 - em: Falando Nisso


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