
Da semeadura
À medida que começamos a buscar a verdadeira consciência que se encontra no recôndito do nosso coração, passamos a sentir uma melancolia, uma saudade congênita de algo indefinível, algo que se perdeu, mas não sabemos bem o que é. Esse sentimento só vai aflorar por meio do autoconhecimento, quando aos poucos nos reconectamos com nós mesmos. E então começamos a descobrir que o reino de Deus, de que Jesus tanto falou, já está presente no coração de cada um de nós. Assim, recuperamos a alegria de viver e de sentir o que representa a oportunidade da encarnação, do trabalho que cabe a cada um.
Cada um de nós, independentemente de raça, nacionalidade, profissão, religião, estado civil, crença, sabendo ou não sabendo, querendo ou não querendo, está constantemente semeando o seu futuro, com seus atos, pensamentos, palavras, sentimentos, emoções.
Semeando o que?
Vai depender da qualidade desses comportamentos. Nossas decisões determinam a qualidade e a quantidade da semente que plantamos, que, naturalmente, deve ser objeto de uma avaliação permanente para que a colheita seja tal qual desejamos. Como já ensinou Chico Xavier: “A semeadura é livre; a colheita é obrigatória”. No tempo certo.
A Lei da Semeadura é uma lei natural, não escrita. O livre arbítrio nos permite a liberdade de escolha de plantarmos o que quisermos, mas sem esquecer da colheita. Ela é simples e fácil de entender e está presente em nossa vida permanentemente.
O que o homem semear, colherá. Isto não é uma mera pregação, é uma verdade prática que pode ser o alicerce de toda realização terrena. Cada pensamento emitido e cada ação consolidada reunirão um grupo de pensamentos e ações de mesma natureza e voltarão multiplicados.
As sementes a que me refiro são as nossas próprias atitudes. Para que a colheita seja abundante e proveitosa temos que selecionar nossos pensamentos. E perseverar em nossos propósitos. A vida faz com que cada um experimente as consequências da própria escolha. “Cada um se satisfaz com o que fala, mas receberá conforme aquilo que faz” (Pr 12, 14)
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba, pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá a vida eterna” (Gl 6,7-8).
Além disso, a colheita é sempre proporcional à semeadura. “Quem somente observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca colherá” (Ecl 11,4). “E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também colherá; e o que semeia com fartura com abundância também há de colher” (II Cor 9,6).
O conhecimento dessas verdades naturalmente estimulará as pessoas conscientes a desenvolver uma prática mental constante e positiva, que possibilitará, a tempo e hora, obter resultados satisfatórios.
Trata-se de um exercício que deve ser praticado de forma continuada, para que se possa colher seus benefícios. Está nas mãos de cada um. É a atitude mental positiva.
É interessante como os ensinamentos bíblicos inspiraram e estimularam muitos estudiosos das funções da mente à prática estabelecida há milênios. Quem já leu Napoleon Hill, Joseph Murphy, Norman Vincent Peale, Dale Carnegie, entre tantos outros, sabe do que estou falando. Basicamente é a aplicação dos preceitos bíblicos, ditos de outra forma. Comprovam sua eficácia pela continuidade e com uma apresentação mais moderna, numa linguagem apropriada para os tempos em que vivemos.
“O que aconteceu, de novo acontecerá, e o que se fez, de novo será feito, debaixo do sol não há nada de novo” (Ecl 1,9).
O que se observa é que mutatis mutandi, mudando o que tem de ser mudado, a base é sempre a mesma.
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
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Postado por: Heitor Freire (*), 16 Julho 2022 às 08:15 - em: Falando Nisso