Da prisão mental Heitor Freire (*)

Da prisão mental

Normalmente, o conceito de prisão é definido pela perda da liberdade de ir e vir. Isso se dá pela condenação derivada de um delito, seja ele qual for. 
 
Mas há outros tipos de prisão: a mental e a emocional.
 
A pior prisão a que se pode submeter uma pessoa é a prisão mental, porque ela é silenciosa e quase imperceptível. Nesse caso, a prisão ocorre com plena concordância do indivíduo, embora na maioria das vezes ocorra de forma inconsciente. Não é uma ordem que vem de fora para dentro, mas sai de dentro e permanece, por ato próprio.
 
Na prisão mental, o indivíduo fica restrito às suas crenças, preceitos e pensamentos que bloqueiam seu crescimento, e a esse estado estão sujeitas todas as pessoas que guardam ódio, rancor, raiva, inveja, ciúme, frustração. As que se consideram pobres, doentes, sem condições de perspectiva, de futuro.
 
Na prisão emocional, o indivíduo fica subjugado às reações emocionais automáticas.
 
Da mesma forma que prisão significa encarceramento, dentre outras definições, nas prisões mental e emocional a pessoa fica atrelada a um estado de espírito negativo e prejudicial à sua saúde e seu crescimento pessoal. 
 
Estar preso dessa forma significa que você está vivendo dentro de limitações, e assim, a visão de mundo fica comprometida com barreiras mentais e reações emocionais que impõem limites para criar novos rumos.
 
Poucos são os que se dão conta dessa prisão. Quando se odeia uma pessoa, cria-se uma ligação mental que acaba gerando uma situação de dependência, cuja corrente não se quebra senão por uma vontade consciente e muito forte.
 
Perde-se a liberdade por meio do condicionamento inconsciente quando se fica preso a regras sociais, costumes familiares, opiniões alheias, medos, questões religiosas, culturais, etc., que normalmente não se percebe com facilidade.
 
Muitas vezes essas limitações vieram das programações na infância quando somos condicionados por uma série de atitudes limitantes provenientes dos pais, por exemplo, ou por outras decorrentes da criação e do meio em que se vive, como vícios, preocupações com a estética, ou preocupação com a opinião dos outros.
 
As barreiras então criadas impõem limites que não são conscientes, que nos levam a repetir o que sabemos, de forma automática, sem questionar, a agir de acordo com padrões preestabelecidos que nos proporcionam a aceitação do status quo e a não agir, por puro comodismo ou preguiça.
 
O nosso cérebro está estruturado para reproduzir tudo o que aprendeu e sabe sobre a vida, portanto, tem toda a programação do passado. A mente é ilimitada, porém costumamos impor a ela travas e limitações. Toda vez que repetimos tudo igual ao que sabemos, tudo continua da mesma forma. Continuamos a criar mais do mesmo.
 
Essas prisões são limitações autoimpostas e podem durar uma vida inteira. Podemos mudar qualquer coisa que não queremos mais em nossa vida, a qualquer momento. Somos os criadores de nossa própria realidade. Quando compreendemos o conceito de mudança, o processo de libertação se inicia. É o momento em que deixamos de pensar como sempre pensamos, deixamos de agir como sempre agimos, paramos de reclamar, culpar os outros e a nós mesmos, dar desculpas, ou, pior, de sentir autopiedade. Começando, firmemente, a viver o momento presente, percebendo os pensamentos e emoções que estamos sentindo. 
 
Só quando estamos verdadeiramente conscientes é que podemos adquirir o domínio para mudar nossa cabeça, os programas da mente e mudar nossa vida. Tudo é possível àquele que se determina e coloca foco no que é preciso, empenhado em começar a mudar de dentro para fora.
 
A grande maioria das pessoas, talvez sem se dar conta, vive dentro de uma prisão mental. E dela só se sai com consciência e autoconhecimento.  É a mente que controla tudo; se a causa do sofrimento for removida, o efeito cessa.
 
Assim, com o despertar começamos a nos libertar verdadeiramente dessas prisões.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 30 Julho 2022 às 09:00 - em: Falando Nisso


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