
Da preocupação
A preocupação, como sabemos, é uma forma de raciocínio muito comum a todos os seres humanos. Outro dia, me vi numa posição de supor uma situação na qual as possibilidades aventadas eram todas negativas. Aí parei para pensar: Por quê? Será que seria assim mesmo? Ou eu poderia supor de maneira diferente e mudar toda a perspectiva?
Se a preocupação é inevitável, é melhor usar o tempo para supor algo agradável e positivo, mantendo o pé no chão da realidade. Aprendi que a atitude mental pode ser positiva ou negativa. E que a positiva é melhor. Então é melhor supor que tudo de bom pode acontecer.
A preocupação é um conjunto de pensamentos, imagens e emoções de natureza negativa que se instalam na nossa mente de forma repetitiva e incontrolável, e resultam de uma análise de risco feita para evitar ou resolver ameaças potenciais antecipadas e medir suas consequências.
A preocupação está diretamente ligada ao medo, que na maioria das vezes é a suposição de fatores que podem (ou não) vir a acontecer. Assim, quando estamos preocupados, nos sentimos angustiados, agitados, inquietos e assustados, devido a um risco previsível ou iminente, que nem sempre acontece.
Meher Baba (1894-1969), um guru persa, afirmou que a preocupação é causada por desejos e pode ser superada através do desapego:
“A preocupação é o produto da imaginação febril trabalhando sob o estímulo dos desejos (...). É uma resultante necessária do apego ao passado ou ao futuro antecipado, e sempre persiste de uma forma ou de outra, até que a mente esteja completamente separada de tudo.”
Também São Paulo abordou o tema em duas de suas epístolas. Na Carta aos Filipenses, (4,6) escreveu: "Não se inquietem com nada", e na Segunda Carta a Timóteo (1,7), ele encoraja:
“Pois Deus não nos deu um espírito de medo, mas sim um espírito de força, de amor e de sabedoria.”
De acordo com os estoicos, aprendemos que o melhor indicador da filosofia de um pensador não era o que ele dizia, mas como se comportava: “A filosofia não promete assegurar nada externo ao homem, caso contrário estaria admitindo algo que está além do seu próprio tema. Pois assim como o material do carpinteiro é a madeira, e o da estatuária, o bronze, o tema da arte de viver é a própria vida de cada pessoa.”
Sêneca, (4a.C. – 65), filósofo estoico e um dos mais célebres advogados, oradores,
escritores e pensadores do Império Romano, ensinou a separar o que você pode controlar daquilo que você não pode, e recomendou nos concentrarmos apenas nesse primeiro item, naquilo que efetivamente está sob nosso controle, desaconselhando a preocupação.
Albert Ellis (1913-2007), psicólogo americano e criador da terapia racional emotiva comportamental, se inspirou nas ideias terapêuticas dos estoicos: “Não são os acontecimentos que nos perturbam, mas nossos julgamentos sobre os acontecimentos.”
De tudo isso, podemos concluir que a preocupação é uma ação inconsequente e negativa, e que o melhor a fazer é nos ocuparmos com nossas tarefas, a fim de contribuir positivamente para a melhor perspectiva em nossas vidas, baseada na fé, na esperança e no amor, como São Paulo nos ensinou na Primeira Carta aos Coríntios.
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
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Postado por: Heitor Freire (*), 05 Abril 2025 às 10:15 - em: Falando Nisso