Da inspiração Heitor Freire (*)

Da inspiração

Deus, ao criar o ser humano, dotou-o de todos os atributos necessários para sua evolução, aprendizado e sabedoria. Entre eles, um fundamental é a inspiração. Para o despertar da consciência, é necessário que façamos uso dos poderes que, potencialmente, já dispomos e cujo uso vai nos permitir cumprir uma finalidade primária: contribuir com a nossa parte para o conjunto do universo.
 
Para nos lançarmos a essa aventura extraordinária que é viver, é imprescindível nos dotarmos da coragem indispensável para enfrentar e vencer desafios os mais difíceis, quase intransponíveis para o ser comum, e não nos deixar vencer pelo medo. O primeiro desafio é esse, porque o medo poderá levar a pessoa a desistir de si mesma, o que implicaria num abandono da luta, que, por si só é interminável.
 
O homem, em função dos grandes feitos que realizou ao longo da história, adquiriu uma certa arrogância por se considerar autor de todo o progresso conquistado com sua própria inteligência. Mas se esquece de que, na realidade, ele é apenas um coautor utilizado por Deus para dar sequência ao Seu projeto divino.
 
Por meio da razão e da imaginação podemos criar um plano de trabalho a ser realizado num devido tempo, no qual cada um é o arquiteto do seu próprio destino. Deve se plantar e aguardar a colheita para usufruir o melhor resultado do trabalho. É o que acontece normalmente. 
 
Muitos são os ensinamentos das mais diferentes correntes de pensamento, da própria religião e diversas filosofias que ensinam o uso da mente para se obter um resultado desejado.
 
Exemplos existem a mancheias para embasar esses ensinamentos, o que fortalece a convicção da realização e da conquista de metas, que por sua vez não devem constituir um apego.
 
Mas quando os planos de Deus divergem dos planos do homem – “o homem põe e Deus dispõe” – e a ação da vontade do Senhor se manifesta de forma definitiva, abre-se um vácuo, um vazio de grande frustração. Daí a necessidade de sempre orar e buscar a orientação divina, a fim de receber a inspiração que possibilitará a realização dos objetivos – ou, em caso contrário, a aceitação da vontade de Deus.
 
Então surge a esperança que alimenta a fé – ao contrário do dito popular que afirma que a fé é a última que morre, na realidade ela não morre nunca – , enquanto houver vida e esta é infinita, haverá esperança. Aqui temos que considerar a questão da velhice, uma questão que deve ser encarada com serenidade, porque com a consciência da infinitude da vida, ela passa a ser uma característica biológica, física, mas na realidade só existe no plano material.
 
O apóstolo Paulo, autor da Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 13, termina dizendo: “Ao fim, restam estas três: a fé, a esperança e o amor. Mas a maior de todas é o amor” – o que acaba testemunhando a imortalidade da fé e da esperança, embora sejam menores que o amor.
 
O medo leva ao desespero e a esperança, à fé, constituindo assim os extremos dessa gangorra interminável. Daí podemos entender que qualquer conjunto de regras, valores, proibições e tabus são procedentes de fora do homem, ou seja, são inculcados ou impostos pela política, pelos costumes, pela religião ou por ideologia.
 
Ao contrário, uma reflexão sobre qualquer dessas instituições implica numa revisão racional e crítica sobre a validade da conduta humana, o que nos leva a rever os ideais e valores que nascem da nossa própria vontade.
 
Daí que a concordância com regras predeterminadas exige uma análise racional e crítica, porque desde o homem primitivo sempre existiram normas, costumes e rituais que norteavam a conduta humana. 
 
A título meramente informativo, vale registrar que o filósofo Sócrates, no século V a.C., sacudiu a sociedade ateniense ao propor como valores primordiais os valores espirituais, em oposição aos valores materiais.
 
Enfim, a inspiração faz toda a diferença.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 01 Abril 2023 às 10:15 - em: Falando Nisso


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