Heitor Freire (*)
Da continuidade
O aprendizado constante a que somos submetidos, conscientemente ou não, vai, aos poucos, descortinando conhecimentos que abrirão caminhos para nossa evolução espiritual.
Tudo o que existe, desde sempre, está sob a égide do Triângulo Sagrado, Pai, Filho e Espírito Santo. Princípio, Meio e Continuidade. Princípio: Deus criador de todo o Universo, de tudo o que existe. Meio: forma de agir, consubstanciada nos ensinamentos de Jesus, que nos transmitiu as normas de procedimento. Continuidade: em ação direta do Espírito Santo.
Aprendi que a nossa existência é eterna. Teve começo, mas não terá fim. Quando passarmos para a espiritualidade com o desencarne, esta mesma vida é que terá continuidade. Não haverá um novo ser. Esse entendimento despertou em mim a necessidade de, sem perda de tempo, desenvolver metas para o meu crescimento mental e espiritual. Percebi que não precisava me dedicar a um projeto de enriquecimento material, pois daqui nada levarei. Nem mesmo o meu corpo.
A esperança, fator de alimentação da fé – que não é crença –, foi a fonte de inspiração para o desenvolvimento da minha tese. Aprendi que, ao contrário do que o povo diz, a esperança não é “a última que morre”, ela não morre nunca. A esperança é a certeza de que iremos melhorar, desde que nos proponhamos a isso. É a âncora que ensina a saber esperar e a não desesperar. Tudo acontece no tempo certo, quando tem que acontecer. É confiar no que não vemos: “O essencial é invisível aos olhos”.
A esperança exige ação. Quem ficar de braços cruzados estará apenas esperando, mas quem esperançar estará trabalhando para mudar o que não se pode aceitar. A vida infinita é rica de ensinamentos. Ao entender isso, me transformei num aprendiz eterno. E isso me proporciona uma expansão da consciência, do autoconhecimento, do aprendizado diário a respeito da dimensão da eternidade, e a noção de saber que quando desencarnar, vou continuar sendo eu mesmo; daí a necessidade imperiosa de não perder tempo, de não me deixar enredar pelas circunstâncias, aprendendo a aprender. Sem pressa e sem preocupação com o tempo.
Sou como sou, eu mesmo, um ser original, como aliás, cada um de nós é. E não me comparo a ninguém, pois meu modelo sou eu mesmo, meu melhor amigo e meu melhor mestre. Tudo o que eu emitir, sentir ou fizer, vai beneficiar ou prejudicar em primeiro lugar a mim mesmo. Tudo que me cerca depende da essência do meu ato.
O que se faz necessário a todos é praticar a inflexão, que consiste em recolher-se ao santuário da consciência – o templo interior de cada um e fonte da força verdadeira –, quando o pensamento se dá de fora para dentro. O ponto de inflexão representa o marco de uma mudança estratégica. São aquelas mudanças que ocorrem num momento de transformação, uma quebra de paradigmas. Essa busca interior é que vai definir da melhor forma o procedimento a ser tomado, em que nossos atos conscientes serão determinados pelo nosso interior. Ou seja, pela nossa própria consciência.
Essa atitude nos proporciona uma visão cósmica, a verdadeira dimensão da eternidade, que abre, por si só, inúmeras possibilidades, que, alicerçadas na esperança, irão alimentar e orientar nossos atos para nossa evolução espiritual. E assim eu alcanço o entendimento de que o meu futuro só depende de mim mesmo. E de mais ninguém. O que me leva também a confiar cada vez mais em mim, a não desistir de mim, mesmo porque eu sou eu.
Vivendo sem pressa e sem preguiça, e inteiramente atento ao trabalho, já que nada cai do céu, tudo que eu quiser conquistar vai depender diretamente do meu ato. O trabalho é a melhor maneira de praticarmos uma ação individual de evolução espiritual sem precisar de mais ninguém.
O que cada um deve fazer é dedicar-se com consciência ao seu trabalho, para produzir cada vez mais e melhor. E entenda-se trabalho no sentido mais amplo, em todas as áreas da vida, e não meramente restrito ao campo profissional. Sem preocupações nem comparação com quem quer que seja. Cada um de nós é único e original, e devemos agir sempre com integridade e autoconfiança.
Não estamos aqui por acaso. Se aqui chegamos, há um propósito. Descobrir, entender e praticar essa busca é o que vai fazer a grande diferença.
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
Deixe seu comentário
Postado por: Heitor Freire (*), 05 Novembro 2022 às 13:00 - em: Falando Nisso