Jayro de Souza (*)
Cuidado com o efeito bumerangue na empresa
Este artigo escrevi em 1986, há 14 anos, quando foi publicado na revista Ser Humano (ABRH nacional), mas o considero ainda atual por conta das situações de gestão de pessoas que sempre prescidem das mesmas atenções. Isso esclarecido, vamos lá...
O que muitas empresas não atentaram ainda é que os problemas nascem lá dentro, fazem um circuito perigoso e retornam com mais força para dentro dela mesma.
O bumerangue que pode ser um brinquedo e, também, uma arma de arremesso é milenar. Como milenares são os problemas que afligem a humanidade, tanto podem aparecer para o indivíduo isoladamente como para o grupo por ele formado.
É muito comum presenciarmos cenas em que o encarregado de uma determinada divisão na empresa desfaz-se de um funcionário porque o seu comportamento está, momentaneamente ou permanentemente, descontrolado ou incompatível com o ambiente desejado pelo seu superior.
Ao eliminar o funcionário este encarregado está "matando a vaca para acabar com os carrapatos". O que na verdade o certo seria detectar o ponto inicial do problema do funcionário, que poderá continuar com outros, subseqüentemente.
Analisemos da seguinte forma o que acontece: "há uma situação diferente da desejada. O funcionário está irritadiço, emocionalmente descontrolado, pouca paciência, inconveniente, colabora na sistemática perda de clientes."
Enfim, está à beira do caos e muitas vezes não há um elemento sensível a ponto de perceber a sua aflição.
Ao sair da empresa e regressar ao lar, o funcionário está por inteiro contido neste lamaçal de desordem emocional. Em casa, briga com a família, até porque a sua presença pessoal e familiar está esgotada.
Soma-se à situação anterior um manancial muito grande de descontentamento e insatisfações de todo gênero. No outro dia, este profissional retornando ao trabalho está abastecido de todo o seu inferno emocional.
A empresa recebe no efeito bumerangue este comportamento altamente nefasto à sua rotina, quando o certo mesmo seria, na tentativa de reordenar a capacidade produtiva de seu elemento funcional, descobrir com ele o seu problema, cuja fonte geradora está lhe toldando a possibilidade de eliminar o efeito negativo e conquistar soluções eficazes de melhoria e de auto-motivação.
Estamos cientes que ninguém motiva ninguém, mas sim prepara o seu ambiente para propagar a satisfação em que todos se mantenham em um circuito de felicidade, resultando numa equação do quociente emocional, somado ao quociente espiritual, gerando um quociente poderoso de felicidade.
A empresa inteligente, já vivenciando um novo milênio, deve estar preparada para eliminar o efeito bumerangue entre as suas pessoas - patrimônios inalienáveis de toda a sua estrutura.
Há muitas formas de detecção da insatisfação dos funcionários. Elencamos algumas para melhorar a compreensão:
Mudança repentina de comportamento;
Tristeza visível nas atitudes pessoais;
Apreensão com relação ao término do expediente;
Frieza no relacionamento com os colegas imediatos ou distantes;
Esquecimentos de atitudes positivas e normais, anteriormente tomadas;
Reclamações mais freqüentes;
Amargura ao falar, expressar e mencionar nomes específicos etc.
Eliminando a insatisfação do funcionário, dois grandes efeitos poderão mudar a rotina da empresa que está enfrentando este problema:
Funcionário grato e feliz, produzindo muito mais e
Qualidade extensiva à família pela mudança do comportamento.
As empresas necessitam do seu elemento humano muito mais lubrificado, robustecido e melhorado pessoal, emocional, espiritual e profissionalmente falando. O grau de felicidade das pessoas é calculado pela sua produção tanto nas atitudes profissionais como pessoais. É muito gratificante que as pessoas façam aquilo que, apaixonadamente, sabem e são pagas para fazer.
A empresa de hoje é muito diferente da empresa de ontem, porque ela passou a acreditar no valor do seu patrimônio humano, passou a lhe destinar a atenção que merece, protegendo o seu potencial emocional, garantindo o direito de promover a sua capacidade espiritual em buscar a evolução na consciência da sua resposta essencial: a melhoria inevitável.
Por acreditarmos que realmente as vitórias obtidas por nossas atitudes hoje são bem diferentes das vitórias de amanhã devemos nos preparar, bem como o nosso mundo, e sobretudo, em respeito às pessoas que nos rodeiam, entendendo-as, compreendendo-as e, se possível, ajudando-as a melhorar o seu ambiente.
É esta a formatação da empresa inteligente do presente, com os olhos no futuro.
(*Jayro de Sousa é consultor de marketing e gestão de pessoas do Sebrae-MS e Professor do Curso de Gestão Tecnológica de Recursos Humanos da Facsul/FCG. Contato (067)99991-6721 - E-mail jayrodesousa@hotmail.com)
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Postado por: Jayro de Souza (*), 02 Setembro 2020 às 08:30 - em: Falando Nisso