Crianças desaparecidas no Brasil Wilson Aquino (*)

Crianças desaparecidas no Brasil

O desaparecimento de crianças no Brasil é um assunto que parece um tabu. Pouco se discute sobre esse problema, que é gravíssimo e assustador. As estatísticas oficiais são limitadas devido à falta de um sistema nacional unificado de registro. Contudo, estimativas de organizações não governamentais e dados de alguns órgãos públicos sugerem que aproximadamente 40 mil crianças desaparecem anualmente no país. Isso equivale a cerca de uma criança desaparecida a cada 12 minutos.
 
As principais causas apontadas por autoridades incluem ‘conflitos familiares’, onde muitas crianças fogem de casa devido a problemas como violência doméstica, abuso ou negligência. Há também casos de ‘sequestro e tráfico humano’, em que crianças são vítimas de redes criminosas que as exploram para prostituição infantil, trabalho forçado ou adoção ilegal. O ‘aliciamento pela internet’ tornou-se uma ameaça crescente, pois o uso cada vez maior da rede facilita o contato de crianças com pessoas mal-intencionadas. Além disso, a ‘desinformação e a falta de supervisão’ resultam da ausência de orientação adequada e acompanhamento por parte dos pais ou responsáveis.
 
O tráfico humano é uma realidade no Brasil, com casos documentados de crianças sendo exploradas sexualmente ou submetidas a trabalho forçado. Organizações nacionais e internacionais trabalham para combater essas práticas, mas a falta de recursos e a corrupção dificultam os esforços. A extração de órgãos, embora menos documentada, é um tema preocupante e muitas vezes envolto em rumores não confirmados.
 
Independentemente dos motivos, a verdade é que o Brasil precisa se conscientizar de que, em média, 40 mil crianças desaparecem no país todo ano. Um número assustador que não pode ser ignorado. É imperativo que todos os esforços sejam concentrados para conter esses números alarmantes.
 
É no lar que o trabalho preventivo pode surtir maior efeito no combate a esse problema. Cabe à família orientar e proteger as crianças, estabelecendo um ambiente seguro e afetuoso. Os pais devem estar atentos aos sinais de problemas, como mudanças bruscas de comportamento, isolamento ou agressividade, que podem indicar situações de risco.
 
Primeiramente, é fundamental manter um ‘diálogo aberto e constante’ com os filhos. Conversar sobre os perigos existentes, de forma adequada à idade da criança, pode prepará-la para reconhecer situações de risco e agir de maneira segura. Educar sobre a importância de não conversar com estranhos, seja pessoalmente ou pela internet, é essencial para a proteção.
 
A ‘supervisão do uso da internet’ é outra medida crucial. Os pais devem conhecer os sites que os filhos acessam e estar atentos às redes sociais e aplicativos utilizados. Estabelecer regras claras sobre o tempo de uso e os tipos de conteúdo permitidos pode ajudar a prevenir o contato com pessoas mal-intencionadas. Utilizar ferramentas de controle parental e monitoramento também pode ser útil nesse processo.
 
Fortalecer os ‘laços familiares’ contribui para que a criança se sinta segura e valorizada em casa, reduzindo as chances de fugir devido a conflitos domésticos. Promover um ambiente de respeito, compreensão e apoio é fundamental para o bem-estar emocional da criança. Participar ativamente da vida dos filhos, conhecendo seus amigos e interesses, ajuda a identificar possíveis problemas antes que se agravem.
 
É importante que os pais estejam informados sobre os procedimentos a serem adotados em caso de desaparecimento. Manter atualizadas fotos recentes e informações sobre as características físicas da criança pode agilizar as buscas pelas autoridades. Ensinar a criança a memorizar informações básicas, como nome completo, endereço e telefone dos pais, também pode ser útil em situações de emergência.
 
Por fim, é imprescindível que a sociedade como um todo se envolva na proteção das crianças. Denunciar situações suspeitas, apoiar campanhas de conscientização e cobrar das autoridades políticas públicas eficazes são ações que podem contribuir para a redução desse grave problema. Somente com o engajamento de todos será possível garantir um futuro mais seguro para as nossas crianças.
 
(*Wilson Aquino é jornalista e professor)


Deixe seu comentário


Postado por: Wilson Aquino (*), 18 Outubro 2024 às 11:45 - em: Falando Nisso


MAIS LIDAS