Como tecer o contrato político para 2014 Gilton Almeida (*)

Como tecer o contrato político para 2014

A invocação do povo como sujeito ou objeto da política tem pontos de encontros em várias situações presentes na realidade brasileira, e, particularmente em Mato Grosso do Sul. Ao invés da mera adesão, ao candidato, faz-se necessária a inclusão partidária, ou melhor, dizendo: o envolvimento da militância, formadores de opinião e da representatividade, sobretudo quando o partido tem uma crise incubada.

 
O lugar convencional da política, destacados pela ética e pontos de referência para o seu exercício, consiste no perfil de suas lideranças que se colocam como pré- candidatos ao Governo Estadual. Como atingir e superar as expectativas, são oportunidades para os atores. Como construir “histórias” que ajudam a dar forma ao êxito esperado. Eis a questão na quadra atual de largada para o próximo pleito.
 
A diferença entre o trunfo e a tragédia político-partidária fixa na capacidade de produzir e revisar valorações (adequadas, plausíveis, coerentes, realizáveis, justificáveis) de situações extraordinariamente anormais, ambíguas e dinâmicas. A representatividade e suas formas diferentes de expressão é um tema clássico que tem ocupado o pensamento filosófico e sociológico, voltado às questões de legitimidade e democracia.
 
Muito embora o período pré-eleitoral evoque uma espécie de cena original do contrato político, são passíveis de interrogações, a serem colocadas na ordem do dia. Os processos que antecedem a formação de candidaturas são muitas vezes pouco explícitos. Pré-candidatos são percebidos como tendo capacitação unicamente pessoal, o que torna natural a distancia entre representantes e representados.
 
A rede de sociabilidade do pré-candidato e a teia de significados são condições requeridas no curso da travessia entre a postulação da pré-candidatura a governador e a comunhão das afirmações junto ao eleitorado. Com isso, evitam-se as afirmações individualistas. A liderança que não se questiona não se adapta, não se move, é inflexível e pode se fixar em autoritarismo ou licenciosidade, muito embora há de se ter o cuidado com o perigo do excesso de questionamentos para não haver líder paranoico.
 
Urge decisões estratégicas e de respostas ao cenário político que se está colocado.
 
Existem quatro formas de adoção durante momento crucial de definição de pré-candidaturas ao Governo Estadual: 
 
1 - As decisões que não se adotam; 
2 - as decisões de não decidir; 
3 - as decisões de não atuar; 
4 - a evasão estratégica das oportunidades de eleição.
 
O PMDB é maior que suas lideranças políticas. Está bem claro que o desdobramento do arco de pré-candidaturas já colocadas, ao Governo do Estado, dependerá em muito daquilo que se alicerça nas bases do próprio PMDB quanto aos fatores de decisões a serem tomadas pelos outros partidos, pretensiosos em criar um clima antecipado de favoritismo.
 
Em Mato Grosso do Sul,a história tem demonstrado que na maioria das vezes que o PMDB atuou como coadjuvante fora vitima de sua própria decisão. O mesmo tem credenciais para exercer o poder, ao invés de ator periférico, aliando-se ao “momento” de outra sigla que não tem a capilarização construída em mais de 40 anos. Esta é a argamassa que explica o fato de ser o maior partido nacional e de vocação regionalizada.
 
Está reflexionada, na militância do PMDB, que o não lançamento de candidatos enfraquece o partido, reduzindo o número de sua representatividade nos diversos níveis do poder Executivo e Legislativo. Longe de meras explicações superficiais, o eleitor aguarda soluções desejadas da reforma política, em especial a reforma da representação que vem sendo adiada nos escaninhos do Congresso Nacional.
 
O remelexo interpartidário tende a se acirrar enquanto não se tecer, com o povo, o esperado contrato político. Um desafio para os hábeis articuladores. Uma coisa está bem latente no imaginário do eleitor, a identidade do candidato com o partido é uma coisa, com o povo é outra, que busca um novo colorido na paisagem política. Os partidos precisam se desvencilhar de lideranças individualistas que apresentam traços de parlapatões.
 
É hora de juntar contrários, conter ímpetos de grupos ou pessoas, isoladamente, ouvir uns e outros, e, ao final de um longo exercício de administração de interesses, alcançar razoável dose de consenso. Quando se pensa que as querelas internas farão do partido um amontoado de pedaços, eis que as partes se juntam no todo. Costuma-se dizer no calor da aguerrida militância peemedebista que “o PMDB é como cachorro de fazenda: brigam entre si... mas quando surge uma ameaça de fora, todos se unem e botam pra correr o invasor”. Esse é o PMDB, unido!
 
(*Gilton Almeida, consultor e empresário, graduado em Direito e Economia e filiado ao PMDB-MS)


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Postado por: Gilton Almeida (*), 27 Fevereiro 2013 às 08:27 - em: Falando Nisso


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