Yves Drosghic (*)
Chespirito: a alma latina
Como definir o criador e interprete de Chaves e Chapolin, programas que fizeram, fazem e farão parte da vida de muitos brasileiros? O mínimo seria gênio: da literatura, interpretação, composição, com especial talento para fazer rir sem apelar.
A morte de Roberto Gomez Bolaños reascendeu sentimentos de carinho e afeto nunca visto antes por um artista não anglo-americano.
Um sentimento de perda de um ente querido se abateu desde o México até o Chile, passando pelo nosso país. E qual a razão disso? Somente o incrível talento de um ícone do humor? Com certeza não!
Chespirito soube como nenhum outro construir histórias tipicamente latino-americanas. Um menino pobre abandonado que vive com fome e mesmo assim é travesso e feliz. Um homem que vive de “pequenos trambiques” para não trabalhar, que deve o aluguel e mesmo assim é adorável por sua simpatia. Um anti-herói, pequeno, fraco e medroso, verdadeiramente humano, que representa a antítese do herói “yankee” forte, bonito e indestrutível.
Bolaños conseguiu unificar um sentimento de latinidade unindo hispânicos e brasileiros, que por muitas vezes são afastados pela diferença linguística e de costumes. Todavia se encontram nas histórias escritas por este astro.
Pequeno em tamanho, mas grande em talento, Chespirito é a síntese da nossa alma latina. Conseguiu fazer um povo que sempre aplaudiu artistas do primeiro mundo, venerar um artista do terceiro mundo.
Por isso sempre estará vivo na cultura popular. Virou MITO!
(*Yves Drosghic é advogado em Campo Grande e presidente da Fundação Brizola Pasqualini do PDT-MS)
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Postado por: Yves Drosghic (*), 02 Dezembro 2014 às 13:08 - em: Falando Nisso