Não temos dúvida de que o Brasil vive hoje, um dos momentos mais conturbados e de instabilidade política dos últimos anos. Também não temos dúvida de que a partir de 2002, quando um novo modelo de gestão passou a administrar o país, invertendo as prioridades da população, fazendo distribuição de rendas, dando dignidade às pessoas, oportunizando quem não tinha acesso à educação, à saúde de qualidade, à moradia, mudando efetivamente os números do crescimento do PIB, livrando o país do FMI, criando condições que o país não havia tido em toda a sua história, foi despertada a ira daqueles que sempre mantiveram o controle de tudo que se fazia aqui.
Os indicadores econômicos mostram que todos os países no mundo têm hoje, perspectivas menores de crescimento, ou seja, o mundo está se desenvolvendo menos do que em anos anteriores e o Brasil está dentro deste contexto.
No entanto, aqui no nosso país, a instabilidade política que teve início com o resultado das eleições de 2014, quando a presidenta Dilma Rousseff foi reeleita, potencializou e muito esse momento de dificuldades econômicas que o país atravessa. A presidenta não encontrou ainda nesse segundo mandato, um momento de paz para implantar ou continuar com as políticas públicas que a elegeram. Na verdade quem ganhou a eleição foi um projeto de Brasil que a maioria defendeu, acreditou e votou, mas esse projeto não consegue ser implementado. Os setores mais conservadores da sociedade que mantinham o controle do Estado Brasileiro, do judiciário e da grande mídia não aceitam a derrota nas urnas e estamos vivendo hoje, o momento mais forte desse ataque à democracia. O comportamento dessa ala conservadora tem afrontado à Constituição Brasileira na defesa de interesses próprios.
O mais triste é ver pessoas que não fazem parte desse bloco conservador, sendo manipuladas e acreditando naquilo que a Rede Globo e a Folha de São Paulo, por exemplo, noticiam, quando não possuem isenção para falar de corrupção, de malversação de recursos públicos e de ética.
O Brasil deu passos importantes, tendo reconhecimento mundial, ocupando outros espaços no cenário mundial nos últimos anos e agora retrocede, principalmente na democracia. Isso porque estamos vivendo um período de exceção no nosso país, não um período de democracia, mas um período de ditadura da mídia, de uma parcela grande do poder judiciário e de submissão da maioria do povo brasileiro, que é a grande vítima desse processo todo.
Esse momento em que vivemos se compara a outros da história do Brasil, quando os negros lá trás se revoltam sob a liderança de Zumbi dos Palmares, por não mais aceitarem ser escravizados. Zumbi é preso, morto e exibido em praça pública por aqueles que não admitiam nenhum tipo de insubordinação que colocasse em risco os seus poderes. Isso posteriormente acontece com Tiradentes, com Antônio Conselheiro, Getúlio Vargas (uma história não muito longínqua no nosso país), que acabou se suicidando por pressão e opressão de pessoas que detinham e continuam detendo o poder. Esses que não se subordinam à democracia são descendentes daquela casta privilegiada, desde a época de Zumbi. Pessoas educadas e treinadas para defender somente aquilo que lhes interessa. Não há um compromisso com a população, com o Estado brasileiro, com a sociedade de maneira geral. O que existe é uma posição egoísta.
Vivemos uma tentativa de golpe, patrocinado por um braço do judiciário, escancaradamente comprometido com partidos políticos e com ações políticas.
Esse projeto que tenta golpear a presidenta Dilma tem o amparo de países da Europa e dos EUA que têm interesse direto nas riquezas que nós temos, riquezas estas que poderiam e que deveriam ser usadas para melhorar a vida dos brasileiros.
Enquanto um partido luta para diminuir a distância entre ricos e pobres, outros falam que querem diminuir, mas na prática, querem é aumentar porque não suportam repartir o espaço com pessoas que antes não tinham oportunidades de frequentar determinados ambientes, de ter acesso a uma série de bens que anteriormente era exclusividade de uma pequena parcela da sociedade.
Esse é o cenário que temos vivido, mas de que lado nós estamos? Precisamos sair da zona de conforto e analisar o quadro, resistir, ponderar, disputar e defender os avanços já conquistados pelo povo brasileiro nos últimos anos.
(*Amarildo Valdo da Cruz é advogado pós-graduado em Gestão Pública, fiscal tributário estadual e deputado estadual pelo PT-MS)