Antônio Cezar Lacerda Alves (*)
Cem dias
A emblemática marca dos “100 dias”, geralmente apregoada como tempo razoável para se aferir o desempenho de um mandatário eleito pelo povo, foi atingida. E agora? E o Bernal? Como a atual administração municipal de Campo Grande se desincumbiu de sua missão nestes primeiros 100 dias de governo?
Antes de emitir a minha opinião faço questão de reiterar o que disse outrora, num outro artigo: “Eu amo Campo Grande, e a amo como amam os poetas: apaixonadamente, loucamente... Amo-a como amam os soldados que morrem por suas pátrias; como os animais paridos na defesa de suas crias. É assim que amo Campo Grande, essa terra que serviu de berço aos meus filhos, que hoje me serve de abrigo e que amanhã servirá de leito para meu derradeiro descanso”. Então, com o respaldo desse extremado amor, que legitima a minha intenção, passo, a partir de agora, a expender algumas considerações cerzidas com o fio de angustiantes preocupações sobre todas as coisas que tenho acompanhado a respeito da administração municipal nestes últimos 100 dias.
Estou profundamente preocupado. A paisagem é desalentadora. Campo Grande, que se acostumara, por conta das excelentes administrações das últimas décadas (Lúdio, Juvêncio, André e Nelsinho), com os efeitos contagiantes de um progressivo e célere desenvolvimento, está se sentindo, nestes últimos dias, como nau sem bússola (sem rumo), em mar aberto e sob um céu de negras nuvens, pois aquele que foi escolhido no último pleito eleitoral, para zelar e dela cuidar, está se engalfinhando com os vereadores numa batalha de egos sem precedentes na história da cidade.
Esse tipo de pendenga é totalmente inútil e despropositada. Nela não há vencedores, só vencidos – principalmente, o povo. Tudo faz crer, pelas atitudes que vem tomando, que o prefeito Bernal seja o único responsável pelo imbróglio. Ele ainda não se deu conta do tamanho e nem da importância do cargo que, por decisão do povo, está exercendo. Ele ainda continua no palanque da distante eleição do ano passado. Ele precisa entender que nas democracias o poder é exercido através do diálogo. Esse discurso de que “a caneta está em minhas mãos e agora vocês vão ver...”, não se aplica às democracias.
Por conta de tudo isso, e como munícipe que ama sua terra, faço um apelo ao prefeito eleito para que ele se desarme e se desgarre do passado. É lição comezinha na cartilha do bom político que eleição finda não serve para mais nada e que mandato popular, principalmente no âmbito do executivo, deve ser endereçado a todos.
Então, senhor Prefeito, estamos todos esperando que o senhor se comporte como verdadeiro mandatário de um poder que lhe foi conferido pela vontade popular e, desta feita: a) busque, através do diálogo, firmar um pacto de paz com o legislativo para, juntos, trabalharem em prol do desenvolvimento da nossa cidade; b) que o senhor estabeleça um relacionamento respeitoso para com as demais autoridades constituídas; c) que o senhor ponha em prática as promessas de campanha, principalmente a contratação de mais médicos, pois ao longo desses 100 dias do seu mandato, além dos médicos, até os remédios desapareceram dos postos de saúde; d) que o senhor não permita que falte merenda para as nossas criancinhas nas creches; e) que o senhor esqueça o facebook e, realmente, tome assento na elevada e honrosa cadeira de prefeito da nossa tão amada cidade Morena. É isso que ela e nós, o povo, esperamos...!
(*Antônio Cezar Lacerda Alves é advogado em Campo Grande MS)
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Postado por: Antônio Cezar Lacerda Alves (*), 10 Abril 2013 às 11:21 - em: Falando Nisso