Fayez José Risk (*)
Campo Grande precisa pensar Grande!
Estamos reformando o Plano Diretor de Campo Grande.
Isso é ótimo, necessário, mas não é o suficiente.
Na verdade, hoje, Campo Grande é um município que não dispõe de diretrizes e metas claras de desenvolvimento econômico e social.
Qual é a cidade que queremos e poderemos ter no futuro? Qual a vocação e oportunidades dessa cidade? E não digo só de um futuro distante e utópico, mas de ações no curto prazo de tempo, tanto públicas como privadas, para alcançarmos um desenvolvimento desejado e possível!
Quem está “pensando” Campo Grande? Certamente muitas pessoas estão fazendo isso, mas falta a “liga”, quem os aglutine e elabore um Plano Estratégico de Desenvolvimento, que ultrapasse o aspecto legal de edificações, do uso e ocupação da cidade.
Num visão mais contemporânea, o Prefeito Municipal deve ser muito mais que um gestor das atividades públicas, no sentido clássico que se dá, ou seja, cuidar do dia a dia da cidade ou, como ainda mais comumente, de um “tocador de obras”, para ser um líder que aglutine todas as forças vivas da cidade em uma visão de planejamento estratégico.
Os recursos públicos (financeiros) estão a cada vez mais escassos e são necessárias reformas estruturais para resolução dessa questão, algumas em nível de federação.
No entanto, outros recursos estão à disposição, inclusive os recursos financeiros privados, além de um recurso inesgotável: o de pessoas com boas idéias, mas que não encontram espaço de interlocução.
Vou exemplificar: há alguns anos um empreendedor de origem nipônica, estava trabalhando ativamente na manutenção de sites de empresas no Japão, aproveitando-se da diferença do fuso horário em que esses sites estavam ociosos. Queria expandir esse excelente e rico negócio, porque ele não estava dando conta da demanda e queria mais empresas (pessoas!) participando.
Qual era a sua necessidade? De pessoas com domínio do inglês ou preferencialmente do idioma japonês, além da formação de informática e de um bom sistema de comunicação (internet).
Havia – e ainda há – trunfos: uma população com profunda ligação com o Japão além do já citado fuso horário favorável.
Ou seja, ali estavam desenhadas algumas diretrizes para atuação do poder público- no ensino, para atuação da iniciativa privada – telecomunicações e empresas de informática, tudo em torno de um rico mercado, mas para isso era necessário haver quem planejasse, coordenasse e acionasse! Resultado: esse empresário foi embora da cidade, cansou de bater às portas surdas!
Outro exemplo é o nosso aeroporto, com perspectivas inigualáveis na América Latina. O que tem sido feito em relação a isso? Qual a utilização dele? Um equipamento excepcional e ocioso!
Já vi muitas oportunidades passarem ao longo da minha vida profissional, e ainda como exemplo, cito aqui o mercado da fruticultura, um dos maiores do mundo, para o qual estamos aptos, mas inertes!
Tecnologia, turismo, alimentos... são tantos os cavalos encilhados que estão passando!
Precisamos sair desse provincianismo, abrirmos para a economia mundial, isso não é sonho!
Campo Grande precisa pensar grande e deixar de ser a maior cidade pequena do Brasil.
(Fayez José Rizk, o "Fez", é arquiteto e urbanista)
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Postado por: Fayez José Risk (*), 23 Junho 2017 às 10:15 - em: Falando Nisso