Câmara aprova PEC da Anistia, que perdoa partidos políticos por irregularidades

Lula Marques/Agência Brasil
Câmara aprova PEC da Anistia, que perdoa partidos políticos por irregularidades
PEC foi aprovada em duas votações
Legislando em causa própria em uma articulação geral que reuniu siglas adversárias que vão do PT ao PL, a Câmara dos Deputados aprovou ontem, em dois turnos, a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Anistia, que perdoa multas a partidos políticos que cometeram infrações nas prestações de contas e nas cotas de gênero ou raciais nas eleições de 2022 e anteriores e cria um Programa de Recuperação Fiscal (Refis) para que as siglas possam regularizar os débitos. 
 
Na primeira votação, foram 344 votos favoráveis, 89 contrários e 4 abstenções. Na segunda, 338 votos a favor e 83 contra, com 4 abstenções. Dos oito deputados de Mato Grosso do Sul, quatro votaram a favor da anistia: Luiz Ovando (PP), Camila Jara e Vander Loubet (ambos do PT) e Dagoberto Nogueira (PSDB). Votaram Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira (ambos do PL). Os deputados Geraldo Rezende e Beto Pereira (ambos do PSDB) não votaram. 
 
Só os partidos Novo e PSOL votaram contra a PEC que segue para análise do Senado. “O que estamos fazendo aqui é uma ampla e irrestrita anistia para partidos que não cumprem lei”, afirmou Adriana Ventura (Novo-SP). “Os partidos recebem bilhões, fazem as leis, não cumprem as leis e deixam para o povo pagar.”
 
A organização Transparência Partidária estima que a anistia chega a cerca de R$ 23 bilhões, se contadas apenas a contas pendentes de julgamento entre 2018 e 2023. “Essa proposta é inaceitável. Não se trata apenas uma anistia financeira, mas de uma série de medidas que podem comprometer ainda mais a pouca credibilidade dos partidos políticos junto à sociedade”, disse ao Estadão o diretor do grupo, Marcelo Issa, afirmando que o valor pode ser muito maior.
 
A dupla votação ocorreu após sucessivos recuos da Câmara, receosa do desgaste à imagem que a proposta causaria aos parlamentares. O relatório final sequer foi votado em comissão especial, passo anterior da votação em plenário. No último episódio, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), disse que apenas votaria a matéria com o apoio de todas as siglas. A PEC foi aprovada em uma sessão deliberativa híbrida, com plenário esvaziado e a maioria dos deputados participando de forma remota. (Com Agência Brasil e Estadão) 


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Postado por: Marco Eusébio, 12 Julho 2024 às 09:15 - em: Principal


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