Heitor Freire (*)
Balanço geral
As empresas, pessoas jurídicas, anualmente fazem um balanço de suas atividades, contabilizando lucros e perdas e analisando o resultado de suas ações. Um empresário, tempestivamente precisa calcular o desempenho de sua empresa por meio de um balanço detalhado para verificar o que precisa ser melhorado ou transformado, ou avaliar o que deve ser requalificado.
Da mesma forma, nós também precisamos realizar uma auditoria geral em nossas vidas para avaliar o desempenho de nossa “empresa” espiritual, mas ficamos sempre adiando, empurrando com a barriga, muitas vezes por sabermos que o resultado da contabilidade pessoal não vai ser favorável. De um modo geral estamos sempre buscando vantagem, obter lucro, aumentar “nosso” patrimônio – que de nosso, não tem nada, na realidade –, culpando os outros e deixando de considerar o que realmente é essencial: a nossa contribuição para nossa evolução pessoal, da nossa família, da nossa sociedade.
Esse balanço deve se caracterizar pela sinceridade total e deve ser realizado no altar da nossa consciência, que em tempo algum poderá ser induzida, porque ela é testemunha perpétua de nossas ações, pensamentos, palavras, e não temos como enganá-la. Por isso mesmo, essa ação é totalmente individual. Não dá para tentar engrupir.
Um pré-requisito essencial para essa auditoria é a aceitação dos nossos atos, avaliando-os criteriosamente sem qualquer favorecimento pessoal, assumindo-os, sem justificativa das ações que praticamos e que muitas vezes não nos recomenda.
Essa auditoria poderá ser difícil mas é necessária, precisa de um esforço sincero para despertar a força interior indispensável para um balanço real, prático e verdadeiro. Normalmente, pode gerar, em alguns casos, o arrependimento de atos pretéritos, o que vai nos proporcionar a oportunidade de pedir perdão e fazer uma avaliação positiva para o futuro. Isso nos permitirá também consertar e organizar devidamente o presente, para que seja bom e verdadeiro em todos os aspectos, alinhando nosso comportamento e fazendo o trabalho de compensação de atitudes indesejáveis do passado, criando orientação e disciplina para o futuro. Para usar uma linguagem popular, é lavar toda a roupa suja de uma só vez, sem deixar nenhuma peça de fora.
O tempo para essa auditoria não precisa ser o fim do ano, como no caso das empresas. Sempre é tempo propício para essa revisão e arrependimento em nossos atos, pensamentos e palavras, o que exige autoconhecimento, disciplina e vontade. É melhor que seja periódica, porque assim, constantemente estaremos purificando-nos e evoluindo. A vida é dinâmica. É infinita. Não para.
Ignorar nossas falhas não é o melhor procedimento. Aliás, nessa auditoria não cabe essa omissão. Nesse momento emerge do nosso interior a força espiritual que nos orienta e ampara. Deve se passar um pente fino em nossas habilidades e talentos, tanto quanto em nossas deficiências e fraquezas.
No mundo dos negócios, prevalece o interesse que procura esconder, por exemplo, produtos com defeitos, atitudes visando unicamente o lucro, sem considerar o prejuízo que se causa aos outros, encontrando desculpas para justificar o erro e buscando atos judiciais que sempre encontram meios para se abster de reparar danos. Mas em nossa auditoria geral essa atitude não pode encontrar respaldo, sob pena de uma justificativa, que longe de nos eximir da responsabilidade, apenas adia as consequências de nossos atos.
Enfim, essa auditoria é uma ação que se impõe pelo seu efeito saneador e libertador ao mesmo tempo.
Vamos a ela?
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)
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Postado por: Heitor Freire (*), 09 Setembro 2023 às 10:00 - em: Falando Nisso