Wagner Cordeiro Chagas (*)
As eleições 2010 em MS - A revanche André e Zeca
Ao assumir o governo de Mato Grosso do Sul em 2007, André Puccinelli (PMDB) fez, entre outras coisas, a renegociação da dívida do estado com a União para garantir novos investimentos. Diferente das gestões anteriores, André herdou uma estrutura com significativo equilíbrio financeiro, como, por exemplo, salários pagos em dia ao funcionalismo público estadual.
Ao longo do primeiro mandato, o governador do PMDB investiu em diversas obras de pavimentação de rodovias e abertura de novas estradas; reformas de escolas e hospitais. Aquela gestão ficou marcada pela inovação em alguns programas, como na área da Educação, onde se implantou a distribuição a todos os estudantes da rede estadual de ensino do kit escolar, composto de materiais e uniformes. Outra característica foi a política de pagamento de salário aos servidores a partir de todo dia primeiro de cada mês.
Com isso, André Puccinelli não abriu mão de concorrer a um novo mandato nas eleições de 2010. Desta vez ele compunha sua chapa com uma mulher do mesmo partido, a ex-prefeita de Três Lagoas e filha do ex-senador Ramez Tebet, Simone Nassar Tebet. O principal rival do médico ítalo-brasileiro foi o ex-governador Zeca do PT que, desde 2009, estava disposto a disputar o governo para não permitir que o PT estadual se aliasse ao PMDB, já que a nível nacional PT e PMDB estavam compondo a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer para a sucessão do então presidente Lula. Pelo PSOL concorreu o comerciante do ramo de lanchonete Nei Braga Ferreira.
Assim, os principais rivais naquelas eleições foram Puccinelli e Zeca. Era a segunda vez que eles disputariam um cargo do poder Executivo, agora na esfera estadual. No pleito eleitoral de 1996 ambos concorreram à Prefeitura de Campo Grande. O então deputado estadual Zeca ficou em primeiro lugar e o então deputado federal André em segundo. A surpresa veio no segundo turno, quando André virou o jogo e venceu o petista por uma diferença de 411 votos. O PT levou um tempo para admitir tal derrota, pois alegava ter havido compra de votos por parte do PMDB.
Em 2010, no entanto, a disputa pelo governo de Mato Grosso do Sul se liquidou logo no primeiro turno e André Puccinelli conseguiu a reeleição. Para a Assembleia Legislativa foram eleitos: Marquinhos Trad, Carlos Marun, Jerson Domingos, Junior Mochi, Maurício Picarelli e Eduardo Rocha, todos do PMDB. Do PT: Paulo Duarte, Laerte Tetila, Pedro Kemp e Cabo Almi. Pelo PSDB: Onevan de Matos, Marcio Monteiro e Dione Hashioka. O PR elegeu: Paulo Corrêa, Londres Machado (que naquele ano chegou ao recorde de 10 mandatos consecutivos) e Antônio Carlos Arroyo. O nanico PT do B elegeu: Marcio Fernandes e Mara Caseiro. Os demais foram eleitos cada qual por uma legenda: Zé Teixeira (DEM), Felipe Orro (PDT), Alcides Bernal (PP), George Takimoto (PSL), Diogo Tita (PPS) e Lauro Davi (PSB).
Para a Câmara dos Deputados, os 8 escolhidos foram estes: Fábio Trad, Geraldo Resende e Marçal Filho, todos do PMDB. Pelo PT a dupla Vander Loubet e Antônio Carlos Biffi. Os outros: Edson Giroto (PR), Reinaldo Azambuja (PSDB) e Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Às duas vagas de senador venceram: Delcídio do Amaral (PT) – reeleito – e Waldemir Moka (PMDB). Seus concorrentes eram: Murilo Zauith (DEM) e Dagoberto Nogueira (PDT).
Para a Presidência da República, foi eleita a candidata de Lula e do PT, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, que naquele ano passou para a história do Brasil como a primeira mulher eleita para aquele cargo. Contudo, em Mato Grosso do Sul, ela foi derrotada pelo rival José Serra (PSDB).
(*Wagner Cordeiro Chagas é mestre em História pela UFGD e professor em Fátima do Sul, pesquisa sobre história política de MS desde 2007 e é autor do livro “As eleições de 1982 em MS” - 2016)
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Postado por: Wagner Cordeiro Chagas (*), 25 Outubro 2018 às 10:00 - em: Falando Nisso