Árbitro que virou colunista social narra o jogo que o Comercial não podia nem empatar...

Ãrbitro que virou colunista social narra o jogo que o Comercial não podia nem empatar...
Árbitro Barbosa e o bandeira Nilson Pereira apitando ComercialXFlamengo em 75

A foto acima do acervo do repórter-fotográfico Roberto Higa mostra, da esquerda para a direita, o árbitro Victor Pinto Barbosa e o auxiliar (bandeirinha) Nilson Pereira em jogo Comercial x Flamengo no Morenão, em 1975. Eis a prova para quem não acreditava que, antes de virar colunista social dos VIPs de Campo Grande no extinto Diário da Serra, no fim dos anos 70, Nilson Pereira, hoje colunista do site Midiamax, foi árbitro de futebol profissional na época que os clássicos Comerário lotavam estádio e Operário e Comercial eram temidos no futebol regional e nacional. Para ilustrar essa época, vamos descrever uma história contada pelo próprio protagonista, que aconteceu no ano seguinte....

 

Em 1976 o Operário já estava garantido no Brasileirão por ter sido campeão estadual do então Mato Grosso uno e seu rival campo-grandense Comercial disputava a segunda vaga com o Mixto de Cuiabá. O árbitro Nilson Pereira, que na época trabalhava como repórter da editoria de Polícia do Diário da Serra, havia sido escalado para apitar a partida. Ele próprio conta que, na tarde daquele dia, recebeu um telefonema do bandeirinha vermelha (na época tinha bandeirinha vermelha e amarela) dizendo que queria conversar sobre o jogo de logo mais à noite. 

 
– “Fui levado pelo bandeirinha para falar com um advogado que tinha escritório na Rua 13 de Maio, próximo à agência do Bradesco. Lá ele falou que o Comercial precisava ganhar para participar do campeonato brasileiro, falou da rivalidade que existia entre Campo Grande e Cuiabá  etc e tal. Vi que tinha um cheque virado em cima da mesa dele e fiquei curioso para saber o valor. Quando me mostrou o cheque, vi que a grana daria para comprar um Fusca na época” – conta o ex-árbitro.
 
Nilson diz que recusou a proposta e pediu dez vezes aquele valor sabendo que os interessados na vitória do Comercial não iriam bancar.
 
– “Fui para o jornal e fiz uma carta endereçada ao major José Maraviesck (representante da Federação de Futebol de MT em Campo Grande) contando o acontecido e dizendo que se eles aceitassem pagar aquele valor exorbitante doaria o dinheiro ao Asilo São João Bosco. Por volta das 19h recebo o telefonema do mesmo advogado dizendo que não dava para pagar aquele valor. Diante da negativa, fui apitar o jogo. Mas, antes, no vestiário, chamei meus dois bandeirinhas e disse que se eu os pegasse favorecendo o Comercial (os dois tinham sido comprados) eu iria expulsá-los”, relembra Nilson Pereira. 
 
O Comercial não podia perder nem empatar o jogo para conseguir a vaga no brasileiro. O primeiro tempo terminou um a zero para o Comercial. Nilson Pereira conta que no intervalo, quando foi para o vestiário da arbitragem, encontrou três homens na porta. “Eles avisaram que se o jogo não terminasse com a vitoria do Comercial eu seria um homem morto”, relata. 
 
– “Voltei para o segundo tempo e o Comercial estava próximo de conquistar a vaga quando, aos 42 minutos, chamei o Bife, centro-avante do Mixto, e mandei ele cair na área. Lembro que o goleiro do Comercial era o paraguaio Higino Gamarra. O Bife caiu na área, aos 43 minutos e marquei pênalti para o Mixto. Bife bateu, marcou e o time cuiabano representou o Mato Grosso no campeonato brasileiro junto com o Operário. E eu... estou aqui para contar a história” – narra o ex-árbitro Nilson Pereira.


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Postado por: Marco Eusébio, 17 Maio 2011 às 14:22 - em: Garimpando Historia


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