
Apertem os cintos, o piloto sumiu
Acompanho com interesse acidentes de avião. Nenhum avião cai em razão de um defeito só. Para o acidente ocorrer, é preciso que várias coisas dêem errado. E raramente um grande avião cai só por causa dos erros dos pilotos.
Ver as notícias dos EUA hoje é como ver erros sucessivos na pilotagem de um grande avião: economia, saúde, ciência, diplomacia, guerra, ordem constitucional.
Mas o que mais me impressiona, neste caso, é a reação na cabine.
É como se os pilotos ignorassem os vários alarmes e continuassem a apertar os botões errados. A cada momento, um novo alarme soa, sem que o problema anterior tivesse sido enfrentado. E a sobrecarga sensorial do stress na pilotagem tornasse, segundo a segundo, ainda mais difícil a resolução dos desafios.
A corrente de ações de um acidente de aviação acontece ao longo de horas, e a de um país pode levar muito mais tempo. Mas em 90 dias de governo está absolutamente evidente que os Estados Unidos perdeu a referência de lugar e direção. É um avião gigante voando rapidamente rumo ao desastre.
Este não é um governo com a incompetência normal esperada de um governo, nem um governo com uma ou outra pauta mais radical. As pessoas no comando estão uma brincando com gasolina, outra com fogo, e estão adorando a aventura. Insisto, não são decisões ruins normais, a coisa saiu da normalidade completamente. É como se os pilotos estivessem completamente malucos ou como se não soubessem voar. Se ninguém na tripulação ou os passageiros não reagirem, as consequências vão ser muito, muito graves.
Nenhum avião cai a toa. Este, entretanto, parece que cairá.
(*Leonardo Avelino Duarte é advogado e ex-presidente da OAB-MS)
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Postado por: Leonardo Duarte (*), 22 Abril 2025 às 11:45 - em: Falando Nisso