Fábio Trad (*)
Aos pais
Aos pais de ontem, de hoje e de amanhã, a generosa alegria deste domingo os faz lembrados pela dimensão do significado que encarnam, afinal ser Pai é uma decisão transformadora.
Aos pais moços e idosos, maduros e em formação, erráticos e severos, a memória de sua descendência inscreverá na pedra de sua lápide o itinerário de uma saudade que não se apaga enquanto ar houver.
Aos pais viajantes, bissextos, tensos e liberais, a saudação de sua prole como expressão de gratidão pela vitalidade dos exemplos, sobretudo aqueles que não precisam ser memorizados porque entranhados no coração de quem os amam.
Aos pais carnais, espirituais, concretos e espectrais, o carinhoso beijo dos filhos incapazes de verbalizar o amor com declarações confessas de abissal admiração, mas que procuram com gestos discretos da rotina dizer: Pô Velho, eu amo você!
Aos pais absurdos, evidentes, realistas e parnasianos, o olhar poético de suas eternas crianças que jamais adolescem por insistência do amor que, incondicional na sua inimputável sinceridade, nos guardam e confortam quando o sol esfria as nossas rotinas.
Aos pais enxadristas, boleiros, sambistas e blogueiros, donos das cavidades sentimentais que modelam a personalidade dos seus rebentos, ontem rasos e precários, hoje completos de lições que condicionam caráter e disposição, o abraço intransitivo de saudades antecipadas.
Aos pais de todos os times, do Íbis ao Quinze de Jaú, de todas as raças e verdades, de todos os versos e coloridos, de todos os rostos e fenótipos, o reconhecimento renovado de quem procura seguir seus passos por caminhos estrangeiros neste mundo que se evapora a cada "enter" de violência anônima.
Aos pais de farda, beca, jaleco e chapéu, de todas as roupas e uniformes, de todas as peças e perfumes, o cheiro de proximidade epidérmica daqueles que nasceram sob o jugo da implacável biologia que nos liberta tanto quanto decidimos amá-los.
Aos pais presentes, ausentes, vivos, mortos, adventícios e solipsistas, a devoção daqueles que choram sua presença distraída, sua ausência autoritária, sua vida corajosa, sua morte injustiçada, sua aparição imprevisível e sua ingênua filosofia.
Aos pais caretas, ébrios, modernos e ultrapassados, dos remotos aos futuristas, intempestivos e melancólicos, de todos os extremos da estranheza à excentricidade, o presente dadivoso de uma recordação que sempre nos ata a sua paternidade, desde um gesto mais simples de um dia qualquer até a emoção mais pungente de um olhar decisivo.
Aos pais solteiros e casados, viúvos e metafísicos, reais e postiços, práticos e metafísicos, a cativante disposição dos seus melhores amigos que te paternalizam os afetos porque ser seu filho é privilégio da transcendência.
Aos pais budistas e evangélicos, ateus e umbandistas, católicos e kardecistas, crédulos e agnósticos, o gesto que compartilha a mais funda interrogação da condição humana que se equilibra na linha tênue do desespero e da fé, o afago lacrimoso de quem segura a sua mão para jamais se perder do seu afeto.
Aos pais presos, moribundos, depressivos e angustiados, dos que não podem embora queiram, dos que querem mas não podem, a mão estendida de seus filhinhos que oram sem saber soletrar porque os amam sem conhecer a palavra amor.
Aos pais que riem, choram, sofrem e vibram, de todas as variações da sentimentalidade humana, o agrado que faz amigo o seu mais próximo ser cujo silêncio ecoa a vastidão de um universo inteiro para caber na caixa do seu presente.
Aos pais que são Pais, que decidiram ser Pais, que amam ser Pais, que embora não sejam, procuram ser o melhor dos Pais, que buscam ser Pais como expressão sublime de uma verdade universal, nós, os filhos, dedicamos à você o inteiro teor de nosso espírito para equilibrar o dia de hoje com a mais feliz e sincera das proclamações:
PAI, AMÁ-LO É A MAIS ACERTADA DECISÃO DE MINHA VIDA!
(*Fabio Ricardo Trad, advogado em Campo Grande, é deputado federal pelo PMDB-MS)
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Postado por: Fábio Trad (*), 11 Agosto 2013 às 14:03 - em: Falando Nisso