Aos eleitores livres Reinaldo Azambuja (*)

Aos eleitores livres

Em respeito aos fatos, à história e, principalmente, à população campo-grandense, sou obrigado a fazer alguns reparos ao recente artigo publicado na imprensa de autoria do ex-prefeito Nelson Trad Filho.
 
O libelo bate na tecla de suas costumeiras críticas aos desarranjos administrativos que vem atingindo Campo Grande nos “quase dezoito meses” após a vitória eleitoral de Alcides Bernal, carregando o ranço das tradicionais disputas eleitorais.
 
Trad faz do ataque irado contra tudo e todos um gesto de defesa desesperado de seus próprios erros. A sociedade não é ingênua. Mesmo que suas críticas ficassem restritas aos equívocos cometidos pelo seu sucessor, apontando falhas de gestão, incapacidade para fazer composições políticas e inexperiência administrativa, tudo bem, seria uma postura democraticamente aceita porque tem respaldo na realidade.
 
O único porém – esse é o ponto – é que ele esqueceu de comentar que, na origem desse processo, residiu a escolha soberana do eleitor.
 
Neste aspecto, espertamente, Nelsinho evita tocar no assunto. O ex-prefeito do PMDB desconsidera que, no pleito eleitoral de 2012, a população avaliou e julgou exatamente a sua administração. E a reprovou. Do contrário, se ela fosse um sucesso, certamente o eleitorado teria optado pela continuidade, escolhendo o candidato que apoiou para sucedê-lo. Mas não foi isso o que aconteceu. O que deu errado, então?
 
Sua explicação, neste ponto, chega a ser risível: ele atribui ao PT em conluio com o PSDB a promoção de um “estelionato eleitoral”, fraudando – pasmem! – a “boa-fé da maioria dos campo-grandenses ao convencê-los de que votavam no novo”.
 
Esse é o cerne da questão. O nosso ex-prefeito desvia o foco do debate ao tentar atribuir a dois partidos a culpa pela decisão majoritária do povo. Ele esqueceu de dizer que a sociedade estava cansada da hegemonia do PMDB. Preferiu mudar. Simples assim.
 
Só que seu artigo deixa impressão de que, para ele, o eleitor não tem autonomia de decisão. 
 
Mas é o eleitor, e somente ele, que pode decidir livremente quem deve governar. Isso é democracia, gostem ou não. Diferente das escolhas feitas com base no mandonismo dos “caciques”, na velha tradição oligárquica dos currais. É incrível como ele não concebe até hoje que as pessoas pensam por si mesmas e tem capacidade de decidir (reforço, certo ou errado) aquilo que lhe convém no momento do voto.
 
Atualmente, com o avanço da democracia, respaldada por um intenso fluxo de informação, o eleitor é sujeito de sua própria história. Cabe a nós, políticos, tentar conquistá-los com propostas, ideias, valores e princípios.
 
Mais importante ainda: temos por dever moral ouvir suas demandas de maneira aberta e discutir as melhores soluções para os problemas apresentados. Quem imagina que pode manipular a vontade das urnas com alguma “trama eleitoreira” tem a cabeça voltada para a velha política e ainda não compreendeu claramente a essência dos novos tempos que bate à nossa porta.
 
Ademais, se a realidade fosse de fato como quer Trad, seria justo pensar no conceito de “estelionato eleitoral” aplicado a ele próprio, ao médico Nelson Trad Filho, que foi eleito prefeito carregando consigo um claro compromisso com a saúde pública que jamais se consumou em nossa cidade.
 
Somos, sabe ele bem, portadores de um dos piores serviços de atendimento à saúde entre as capitais do País. 
 
(*Reinaldo Azambuja Silva é deputado Federal pelo PSDB-MS e coordenador do Pensando MS)


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Postado por: Reinaldo Azambuja (*), 23 Maio 2014 às 11:03 - em: Falando Nisso


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