Antiguidade é posto Heitor Freire (*)

Antiguidade é posto

Antiguidade é posto. Aprendi isso no quartel, em 1959, quando prestei o serviço militar, na 4ª Companhia Média de Manutenção. Sou um cara antigo. Mas não velho. Velho é quem está cansado, que acha que já fez tudo e fica olhando para o passado ou para as paredes, esperando a morte chegar.
 
Nasci em 1940, ano bissexto. Estou com 83 anos muito bem vividos.
 
Sou tão antigo que neste ano vou festejar meu jubileu de ouro profissional: 50 anos como corretor de imóveis. Comecei em 1973, quando nossa profissão nem era regulamentada.
 
Naquela época, éramos tratados como picaretas. Aliás, nós mesmos costumávamos nos chamar assim quando conhecíamos um colega que se destacava. A gente dizia, sem ironia ou deboche: “Fulano é um grande picareta”. E era um elogio, pois no nosso conceito, o primeiro requisito era a honestidade, o segundo, o cumprimento da palavra e o terceiro, trabalhar com afinco. A picareta é um instrumento de trabalho pesado. Serve também para abrir caminhos. Que era o nosso caso. (mas é claro que hoje isso não se aplica, porque picareta agora é sinônimo de malandro, aquele que só quer levar vantagem.)
 
Na profissão, fui fundador de diversas entidades de destaque no meu ramo de trabalho:  o Sindicato dos Corretores de Imóveis – e fui o primeiro presidente eleito –; o Conselho de Corretores de Imóveis – de cujo quadro participei por 24 anos –; a Câmara de Valores Imobiliários – da qual fui o presidente instalador com mandato de sete anos –; e, por fim, do Secovi – o Sindicato das Empresas Imobiliárias, do qual fui vice-presidente.
 
A minha inscrição no Sindicato dos Corretores e no Creci é número 12; na Câmara e no Secovi, número 1.
 
Sou tão antigo que sou o decano dos membros do Conselho de Administração da Santa Casa, decano dos presidentes do Sindicato dos Corretores de Imóveis, decano dos membros ativos do conselho do Creci e decano dos Grão-Mestres da Grande Loja Maçônica do Estado de Mato Grosso do Sul.
 
Sou também advogado, formado na primeira turma do novo estado, MS, em 1979, na saudosa Fucmat (hoje UCDB). Na OAB, fui membro da comissão de direito imobiliário, urbanístico, registral e notarial por seis anos. 
 
Fui fundador e vice-presidente da Federação do Comércio por doze anos. Também por doze anos, fui vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, que integro desde 2002. E lá continuo até hoje.
 
Participei como conselheiro do Conselho Municipal da Cidade por quinze anos. Meu último mandato expirou em março deste ano.
 
Antigo, mas sempre ativo. Contribuindo sempre em todas essas entidades mencionadas e na minha profissão, além de participar ativamente da sociedade civil de um modo geral.
 
Sou tão antigo que completei 60 anos de casamento, festejando nossas bodas de diamante.
 
Antigo e bem disposto, pois pratico regularmente os Cinco Ritos Tibetanos, uma série de exercícios matinais que me ajudam a manter o vigor físico.
 
A antiguidade me ensinou muito. Que nada acontece por acaso, por exemplo. Que sou o único responsável por tudo que me acontece. Me ensinou que não posso mudar o começo, mas posso fazer um novo fim, como ensinou Chico Xavier.
 
A antiguidade também me ensinou a entender, aceitar e corrigir meus erros. Me ensinou a não julgar os outros, princípio de Jesus que procuro seguir sempre, mas que é muito difícil. Me ensinou que não sou nenhuma Brastemp.
 
A antiguidade me permitiu acompanhar o crescimento e a evolução dos meus doze netos: uma com carreira profissional estabelecida, dois já formados, cinco em faculdades, dois pré-vestibulandos e duas adolescentes. E tenho a satisfação de constatar como os pais acompanham de perto e com muita responsabilidade a carreira de cada um de meus netos. Aliás, como eu e a Rosaria sempre fizemos. O exemplo frutificou. Graças a Deus.
 
A antiguidade me permitiu vivenciar a amizade de muitos amigos e companheiros de ideal.
 
Enfim, a antiguidade me permitiu e permite ainda viver com saúde, alegria e total gratidão ao nosso Pai.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 10 Junho 2023 às 09:15 - em: Falando Nisso


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