Antes que o futuro chegue Dante Filho (*)

Antes que o futuro chegue

O próximo dia 15 de março poderá mudar o futuro dos País. Mas não se iludam. Haverá ao longo da semana tentativas (espero que inúteis) para esvaziar as ruas e confundir os propósitos legítimos da maioria. O PT e o movimento sindical mais atrelado ao lulismo, por exemplo, estão convocando suas massas para protestos em “defesa da Petrobras” no dia 13, em São Paulo. É o diversionismo canhestro para desarmar as expectativas. O papai Lula vai comandar essa festa. Para alguns será provocação, para outros, uma forma de mostrar que as esquerdas e seus partidos não são cartas fora do baralho. A burrice também é democrática.
 
Vamos ver o que acontecerá, principalmente depois da divulgação da lista do petrolão. O ambiente está fervendo. Em Mato Grosso do Sul, por enquanto, o único citado pelo na lista da operação Lava jato é o deputado Vander Loubet. O intrigante são os motivos pelos quais até hoje o parlamentar nunca havia sido relacionado a esse escândalo, deixando o ônus para o Senador Delcídio Amaral, cujo processo, nos quesitos enquadrados, foi arquivado.
 
Até as capivaras que passeiam pelo parque dos poderes sabem que Vander tornou-se um homem inexplicavelmente rico nos últimos anos. Militantes e parlamentares do PT contam nos bastidores suas estripulias privadas, embora sempre celebrem sua atuação pública, preservando-o de todas as formas.
 
É evidente que a cúpula do PT de Mato Grosso Sul sempre soube do envolvimento de Vander nos esquemas da Petrobras. O ex-deputado Antonio Carlos Biffi (seu suplente) recentemente comentava o assunto e não escondia o fato de que iria dentro em breve assumir seu lugar na Camara dos Deputados por conta  das historias que a partir de agora vão surgir. Quem sabe, sabe.
 
Viveremos uma fase conturbada. Teorias conspiratórias, paranoias sociais, radicalização ideológica, rachas conceituais, tudo isso transformará o cotidiano do País num espaço para embate de pensamentos e idéias com rumos imprevisíveis. Pessoalmente, sou favorável ao impeachment de Dilma, embora não creia que vamos esticar a corda a esse ponto.
 
Mas transformações ousadas nos campos da política e da economia só podem ser possíveis com medidas extremas e corajosas. O impeachment seria pedagógico para estabelecer padrões mais higienizado de nossa vida publica. Poderíamos queimar etapas com processos mais traumáticos, embora possamos, por erro de cálculo, afundar irreversivelmente. Mas quem não arrisca não petisca.
 
A sociedade brasileira é conservadora. A nossa esquerda é muito atrasada. Nossos intelectuais são obtusos. A base estrutural da parcela mais esclarecida da população é politicamente desarticulada, deixando para o centro e para a direita os discursos de protesto contra o governismo. Infelizmente, esse é o mundo real. Sair da confusão em que nos metemos não será fácil.
 
Levará uma geração para que compreendamos com clareza o que ocorreu desde as jornadas de junho até o presente momento. Nossa caverna platônica permanecerá viva e ativa a nos assombrar até que a sociedade compreenda com clareza que o populismo e o patrimonialismo deverão ser banidos para sempre de nossas vidas. No próximo século, talvez. Mas a esperança nao deve morrer.
 
(*Dante Teixeira de Godoy Filho é jornalista militante em Campo Grande MS - dantefilho@terra.com.br)


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Postado por: Dante Filho (*), 09 Março 2015 às 14:00 - em: Falando Nisso


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