Itamar Novaes (*)

No ano passado, nesta mesma época do ano, o piloto Rubens Barrichello não tinha certeza quanto ao seu futuro na Fórmula Um. A equipe Honda anunciava que talvez não fosse prosseguir na categoria devido a crise mundial. E muitos davam como certa o encerramento da carreira de Rubinho. Inclusive no mês de outubro, Rubinho desaconselhou Bruno Senna a ir para a Honda, pois poderia “queimar seus cartuchos”, ponderou à época. Mas não tinha certeza quanto ao seu próprio destino. E no final das contas a Honda abandonou a F-1. E em seu lugar surgiu a Brawn GP. Como Ross Brawn um dos donos da escuderia já havia trabalhado com Barrichello na Ferrari, conhecendo bem o brasileiro e sua capacidade optou pelo veterano piloto brazuka para desenvolver o novo bólido equipado com motor Mercedes, como a Mac Laren.

Assim, Barrichello renasceu para a F-1. E num carro muito competitivo que na primeira fase do campeonato de 2009 deixou Ferrari e Mac Laren na poeira. Sendo que a Brawn venceu seis das sete corridas disputadas, proeza alcançada por Jenson Button o outro piloto da equipe. Nesse período em que o inglês tinha melhor performance Barrichello teve altos e baixos. Mas sempre esteve entre os cinco melhores do campeonato. E regularmente pontuando, fato que agora lhe traz reais possibilidades de, finalmente, vir a ser campeão do mundo. Faltam quatro corridas para o final da temporada. Sendo que venceu os dois dos três últimos GPs. 15 pontos o separam de Button no Mundial de Pilotos.

O momento de Barrichello, sem dúvida, é o melhor de sua carreira. Ele está, digamos, em alto astral. Lembrando que ele estreou na categoria em 93 na Jordan. E era um piloto meio que “preferido” por Senna, dentre os brazukas da época, que tinha entre outros, Christian Fittipaldi. O tri-campeão fazia questão de demonstrar esse afeto por Rubinho. E com a morte de Senna, Barrichello trouxe consigo certa expectativa de ser o “herdeiro” de Senna. Mas com o passar das temporadas e os sucessivos carros ruins que pilotava (vide Jordan, Stewart ) essa expectativa não se concretizou. Entretanto, finalmente em 2000 teve a chance de pilotar um carro de ponta. Foi para a Ferrari, mas com o freio de mão puxado. Pois tinha, segundo se comentava à época, obrigações contratuais que priorizavam o piloto alemão Michael Schumacher em detrimento do brasileiro. A sombra do alemão pairava sobre Barrichello. Não se quer aqui discutir a talento de Schumacher. Mas, o preterimento de Barrichello era tamanho que gerou a constrangedora cena da ultrapassagem de Schumacher nos metros finais do GP da Áustria em 2005. De triste memória para todos. Sobre seu período na Ferrari Barrichello promete revelar fatos bombásticos numa autobiografia que esta escrevendo. E que publicará quando encerrar a carreira. Se não fosse a preferência descarada dada ao alemão, Barrichello bem que poderia, certamente, ter mais vitórias na carreira. Mesmo assim foi vice campeão do mundo na F-1 em 2002 e 2004.

Retornando a 2009, Barrichello que estava quase aposentando está mais vivo do que nunca. E poderá ser campeão do mundo. É certo que precisa de uma combinação de resultados, para tirar o titulo de seu companheiro, que poderá sagrar-se campeão já no próximo domingo em Suzuka no Japão. Mesmo assim, graças à sua persistência e até mesmo teimosia, porque não dizer, pois chegou muitas vezes a ser ridicularizado, está aí. Com chances reais, pois ainda depende só de si para ser campeão. Vejamos: Button será campeão se vencer no Japão e Barrichello terminar em quarto lugar ou acima disso. Se Button terminar em segundo, Barrichello teria que ficar em sexto lugar ou abaixo disso para dar o inglês. Se por ventura o inglês for o terceiro colocado será campeão se o brazuka for o oitavo colocado ou acima disso. Ou caso Button fique em quarto lugar e Rubinho não pontue. A coisa é mais difícil para Barrichello que precisa vencer. Se Button ganhar em Suzuka o brasileiro necessita ao menos terminar a prova em segundo lugar para empurrar a decisão para os GPs restantes. Rubinho ainda terá chances se concluir a prova de domingo em terceiro e sétimo lugar, desde que Button fique atrás dele.

O alemão Sebastian Vettel para ainda respirar na competição precisa torcer para que Button termine em quinto ou pior. Ou ser segundo lugar e o inglês ficar na sétima posição ao menos.

Mesmo que não consiga reverter a posição em relação a Button, pois nos momentos decisivos, às vezes, falta-lhe sorte, (como domingo passado com a entrada do safety car que lhe tirou a vantagem que tinha sobre o inglês ), terá nos dado uma grande lição.Pois superou a desconfiança e o descrédito, da maioria que o davam como acabado. Não se deixou abater pelas críticas. E hoje curte uma doce realidade de estar disputando o título. Tal qual Fênix renasceu das cinzas. Está ainda escrevendo um belo capítulo de sua biografia (ou autobiografia). No ano que vem está cotado para ser piloto da Williams. Valeu Rubinho! E boa sorte!

Alonso é bi-campeão mundial na F-1 (2005 e 2006). Sendo que tem 21 vitórias na categoria com 18 poles positions. Já subiu ao podium 53 vezes. Em 2007 correu pela Mac Laren sendo terceiro colocado naquele mundial. Brigou com Ron Dennis e retornou para a Renault em 2008. Alonso formará dupla com Felipe Massa. Kimi Raikkonen, rumores dão conta, voltará à Mac Laren. Sendo que Robert Kubica ocupará o lugar de Alonso na Renault.

Domingo que vem teremos a Stock Car em seus momentos decisivos em Campo Grande. Considerando que se trata da categoria mais organizada e importante do automobilismo nacional, devemos prestigiar e nos orgulharmos pelo privilégio de termos uma corrida de tamanha envergadura, mais um ano aqui. Até domingo falaremos mais sobre esse grande evento. (*Itamar de Souza Novaes é colaborador do PAPO DE ARQUIBANCADA para assuntos de F1 - inovaegot@hotmail.com)