A questão primordial Heitor Freire (*)

A questão primordial

O que é primordial, essencial, fundamental, original, de extrema importância, principal?
 
Percebo que o ser humano não leva em consideração o que é primordial. Está permanentemente voltado para o acessório, com o peso do passado e medo do futuro, para os seus interesses momentâneos, envolvendo-se com as angústias, sofrimentos, doenças, dores, necessidades de sobrevivência, busca de realização financeira, deixando de considerar o que representa, de fato, sua evolução mental e espiritual, e que decorre do desconhecimento da verdade básica: Deus está em tudo  e acompanha tudo. Ele nos orienta permanentemente. Nós é que não ouvimos Sua voz, porque estamos preocupados com questões menores.
 
O homem está voltado para a horizontalidade, vive no piloto automático, no faz de conta, só olha para a frente, para seus interesses imediatos, deixando de considerar a verticalidade. Não olha para o alto; falta-lhe a dimensão da eternidade, a consciência de que somos seres eternos, de que a vida na Terra é apenas uma parcela infinitesimal de nossa existência. 
Não compreende que a morte não existe, que ela é somente uma passagem para a dimensão espiritual.
 
O medo da morte, de um possível fim, gera uma enorme angústia, e a libertação desse medo está dentro de nós mesmos. A esperança – a força que move o mundo, alimentando permanentemente a fé –, é vista como algo fantasioso, irreal, inexistente, deixa de ser considerada como a força motriz que realmente é. Tem um ditado que diz que a esperança é a última que morre. Mas eu aprendi que a esperança não morre nunca.
 
A esperança é um meio que, se devidamente considerada, se torna poderosa, guiando nossas ações e abrindo portas para que tenhamos mais controle sobre os objetivos e caminhos a percorrer.  
 
O psicólogo Richard Snyder, pesquisador da Universidade de Kansas, formulou a Teoria da Esperança. Ele é um dos pioneiros na Psicologia Positiva e escreveu um livro sobre esse conceito, intitulado Psicologia Positiva: Uma Abordagem Científica e Prática das Qualidades Humanas (Artmed, 2008).
 
A Teoria da Esperança, segundo ele, é composta por três elementos: meta, caminho e motivação.
 
A meta é um alvo claro e específico aonde você quer chegar. Isso é fundamental para o sucesso, mas não é o suficiente. É preciso pensar em caminhos para se chegar lá.
 
Os caminhos vêm da capacidade de se pensar em múltiplas rotas para alcançar sua meta. Na vida não conseguimos controlar, planejar nem prever tudo, por isso é importante pensar em planos alternativos e ter flexibilidade para mudar de rota quando um caminho for bloqueado. Mas isso também não é o suficiente.
 
Motivação é a capacidade de se tornar um agente, ou seja, de agir, entrar em ação e colocar a energia necessária para iniciar e sustentar sua jornada até chegar ao seu destino. Não adianta conhecer o caminho se você não tiver energia para caminhar.
 
Em resumo, e como fica claro nesta teoria, não é suficiente desejar algo fortemente e apenas ficar esperando, sem fazer nada para alcançar. É preciso traçar caminhos (e não apenas um) e se lançar por essa estrada. É preciso percorrer a jornada sabendo que haverá obstáculos e que, de vez em quando, você vai cair. O segredo é que, ao se deparar com o obstáculo, você terá alternativas para se desviar dele, e se vier a cair, terá motivação e força de vontade para se levantar, recomeçar e seguir em frente.
 
Com isso, a Teoria da Esperança, que está aliada à nossa felicidade, nos mostra que essa emoção não existe apenas como uma crença ou uma forma de pensar positivamente no dia a dia. Trata-se de uma condição poderosa que guia nossas ações e abre portas para que tenhamos mais controle sobre os objetivos e caminhos que percorremos.
 
Mais do que isso, a esperança nos ajuda a driblar problemas, evitar situações estressantes do cotidiano e a alcançar nossos sonhos.
Onde você quer chegar? Independentemente da resposta, a esperança e a motivação pessoal serão os primeiros passos que você deverá dar para começar essa caminhada que o levará ao sucesso. Pense nisso!
 
É como disse o grande educador Paulo Freire:
 
“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir!”
 
Enfim, vamos nos voltar para a questão primordial e deixar  o supérfluo de lado.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 01 Outubro 2022 às 09:15 - em: Falando Nisso


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