A queda da Bastilha - a hora é essa Maria Angela Mirault (*)

A queda da Bastilha - a hora é essa

Chegados são os tempos de dar-se início à deflagração, pelo Bem Maior de um país que mostra indícios de ter-se cansado de ser saqueado. Colonizados, fanatizados, aparelhados, apadrinhados, não; estes não têm porque ingressar nas hostes que almejam um país digno de todo o brasileiro; brasileiro que já foi um povo cuja mescla lhe dava o tom, a graça e o caracterizava. Hoje, tornamo-nos um país de castas. Apesar do artigo 5º da Constituição Cidadã, os direitos das minorias sobrepõem-se aos da maioria, tornando-nos reféns.
 
Venho de um tempo em que o estudo era o ethos para uma vida próspera. Pais ofereciam, em verdadeiros holocaustos de abnegação, suas vidas para que seus filhos, ao estudarem em boas escolas, subissem, meritoriamente, os únicos degraus possíveis para alcançarem a realização profissional, a prosperidade, e, por conseguinte, uma vida melhor. Não, não éramos segmentados pela cor da pele, ou em minorias cotistas: pobre negro ou pobre branco tinham de lutar, suar a camisa, gastar os sapatos para subir na vida.
 
Hoje, diante da caótica situação do país, não podemos esquecer (não dá pra revisitar toda a História) da origem próxima de grandes males que nos afligem de imediato.  Pelo menos da grande responsabilidade de (pelo menos) três heranças malditas do governo neoliberal (tupiniquim) de FHC: (1) o instituto ($) da reeleição; (2) o instituto ($) da privatização; (3) o sucateamento ($) do ensino. Tais como foram realizadas. Dentre outras, todas nefastas para o país. Por conseguinte, causas imediatas, sim senhor, dos atropelos que nos conduziram ao estado letárgico e à vitimização pelo estelionato eleitoral que nos alcançou e transformou-nos  no que somos hoje: um bando de alienados e zumbis sem alma, garra e fé em um futuro que precisa ser mudado e ser melhor.  
 
O governo que sucedeu os feitos de FHC sucedeu-o como promessa “divina”, “missionária”, quase como a promessa da concretização do sonho da efetivação da classe operária no poder. Só que essa classe operária, tal logo alçou a governança do país, assim o fez sob as bênçãos, o apoio e a cooptação, já á época, do que havia de mais abominável: a elite branca e de olhos azuis. Com o meu e o seu voto, o “jararaca” subiu aos céus, cumpliciou-se ao que já havia de mais sórdido na política brasileira (Renan e Sarney, vampirescamente, já estavam lá) em prol da manutenção de uma conveniente governabilidade e já a serviço de um Programa de Poder; de Aparelhamento do Estado em todas as esferas e entranhas de ação, que, segundo o Zé, o presidiário, duraria 20 anos. Por causa de FHC, sim, o “filho do Brasil” reelegeu-se; referendou e abençoou o “jabuti no poste”, para mais adiante, e, novamente, por causa do instrumento sagaz e pernicioso oriundo do governo FHC (reeleição), sim senhor, referendar seu “quarto mandato”, conseguindo reeleger e manter o “jabuti no poste” (enquanto seu lobo não vem, em 2018!). Tudo isso nas nossas barbas, sob a nossa omissão, nossa letargia, nossa conivência, nossa conveniência.
 
Fato é que a grandeza do Brasil e a prodigiosa riqueza da nação brasileira cegou-lhes os olhos, o caráter, os ideias os valores, as ideologias. Com isso, sob a doença da alma, que venderam, há quase duas décadas saqueiam o país. Usurparam nossas esperanças.
 
Enfim, nossa pouca percepção política, nosso voto de protesto, nossa cômoda permanência no status quo, mantém o “jabuti” no poste, visto que João Santana - o marqueteiro mequetrefe, corrupto e encarcerado da Lava-Jato- e a mão farta de empreiteiras conseguiram aprimorar, melhor que Marcos Valério, o manejo da corrupção. Alianças vis fortaleceram-se, novas constituiram-se.  Escoadas pelos poros da Petrobrás (mas, também pela vale – bndes – caixa -  oldebrechts – oas – andaradesguierres, etc), nossa riqueza se esvai, nossos recursos se vão, nossa credibilidade já foi.  Nossa pouca vontade de resistir, de reagir, nossa imobilidade transforma-nos em uma nação de zumbis e de consumidores das benesses governamentais. Mas, ainda há quem proponha o basta! Um chega; não dá mais!
Acabou! Com “cara de resignada”, ou não, a queda da Bastilha é apenas uma questão de perseverança e tempo. A carceragem já oferece abrigo a muitos desses poderosos que começaram com nossas moedinhas, na artimanha do Mensalão; outros irão! Fato é que a facção foi desbaratada. O pobre menino; o esforçado metalúrgico, o seu exército e o seu poderoso e engenhoso projeto de poder faliu completa e solenemente. Deu xabu! Fodeu!
 
Todos temos uma missão nesta vida, da mais simples, a mais complexa; todos! A ganância nunca foi boa conselheira, a perpetuação no poder nunca será uma boa alternativa política. A História Universal nos dá lição e nos apresenta Napoleão Bonaparte em seu esplendor e exilio.
 
Agora, meus camaradas, só a Reforma Política pode nos lastrear os passos para um futuro decente. Mas, antes, comecemos a faxina, de pronto! Prisão para os saqueadores da nação; para os estelionatários eleitorais; fora, todos, fora! O Brasil precisa seguir enfrente, mas, chega! Com essa gente, não dá mais.
 
Pelo amor de Deus; pelo amor patriótico; por nossa integridade de brasileiros, seja na forma da Lei, seja no grito da multidão, nas ruas, nas redes, em todos os lugares, gritemos bem alto nossa indignação. Não dá mais pra voltarmos. Zumbis, acordem! A faxina começou, a detetização nos obriga a defenestrar todos os espaços. Comecemos!
 
Impeachment! Renúncia! Cassação! Prisão! Que seja! De preferência, tudo ao mesmo tempo, de preferência, não movidos pelo ódio. Sem foices, paus, mas com um raiar de esperança, consciência e ação, porque nós podemos mudar o Brasil. Vamos juntos! A resistência apenas começou. A queda da Bastilha é questão de (pouco) tempo!
 
(*Maria Angela Mirault – professora, doutora e mestre em Comunicação e Semiótica, pela PUC de São Paulo – http://mamirult.blogspot.co.br)
 


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Postado por: Maria Angela Mirault (*), 13 Março 2016 às 12:15 - em: Falando Nisso


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