A lição do Imperador
Bernardo Monteiro/VipComm DivulgaçãoAntes de reestrear no Flamengo, onde recebeu uma chance de voltar a jogar em grande clube [o que já é um fato lamentável para quem jamais deveria carecer da caridade alheia], Adriano, que, pelo talento natural que Deus lhe deu, teria tudo para ser "o cara" da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2014, voltou à humilhante situação de pedir desculpas em público, depois de faltar a um treino do clube, para ir à farra na Vila Cruzeiro, comunidade carioca em que foi criado.
Sem querer, por ser uma personalidade do esporte e atrair os holofotes da mídia, acabou proporcionando uma lição a muitos jovens. Isso aconteceu quando voltou a dizer, na entrevista coletiva para o tal pedido de desculpas, que "só faz mal a ele mesmo", e foi contestado pelo diretor de futebol do Flamengo e ex-jogador da seleção Zinho, que, inspirado na sabedoria que a experiência oferece [embora muita gente recuse], oportunamente, rebateu:
– "Ele causa problema para ele, mas respinga em outras pessoas. Uma atitude como contratado do clube afeta o clube, sim. Essa sempre foi a minha preocupação, por isso o Flamengo se protegeu. Vou resumir o meu sentimento: é de tristeza. Estou apostando muito na recuperação de uma pessoa. Não estou preocupado só com o atleta. Quando ele tem uma recaída, eu fico muito triste. Acontecer este episódio com Adriano depois da derrota para o Inter não foi ruim, não. Foi péssimo. Péssimo!"
Tomara que o craque Adriano se recupere. Mas, se pelo menos esse episódio vier a servir para recuperar um(a) jovem que seja, de milhares ou milhões que buscam estragar a própria vida por ter a falta de consciência de pensar que só fazem mal a si próprio(a)s, sem conseguir raciocinar que seus atos estragam a vida de muita gente que os ama, ou, pelo menos, os admira seja lá por que tipo de talento tenham, embora eles próprios ignorem ou tentem ignorar, o chamado Imperador já terá cumprido um importante papel. O de salvar alguém dessa perdição de vida e de talentos.
Façanha esta que, mesmo que a mídia ignore e jamais venha a ter qualquer interesse, tem importância infinitamente superior à de qualquer jogo ou campeonato de futebol. Coisas que, apesar dos milhões de reais ou das paixões efêmeras possam representar [poço sem fundo de vontades vãs e insaciáveis que só se satisfazem momentaneamente em eventual vitória, até a próxima partida, numa explícita transferência de neuras e frustrações pessoais aos ídolos criados pela mídia] jamais valerão a salvação de uma vida.
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Postado por: Marco Eusébio, 05 Setembro 2012 às 09:14 - em: Papo de Arquibancada