A ciência da vida Heitor Freire (*)

A ciência da vida

Uma das provas incontestáveis da existência de Deus – para mim –, é a criação do ser humano. Uma criatura dotada dos mais incríveis movimentos, órgãos, neurônios, células, moléculas, átomos – tudo obedecendo a um ordenamento inteligente e com uma diversidade que diferencia uns dos outros, mantendo a mesma unicidade na origem e facultando a possibilidade de evolução infinita – não pode ter sido criada por geração espontânea.
 
E dentro de tantas qualidades, destacam-se os talentos individuais. Cada um é igual, mas é diferente! A criação do ser humano obedece a um plano cósmico inteligente, que não pode ser fruto do acaso. Tudo faz parte de uma ciência: a ciência da vida!
 
E na enormidade e complexidade do globo terrestre, Deus suscitou, em cada época, em cada etnia, em cada região, o aparecimento de seres iluminados que deram o norte, para a orientação e evolução espiritual de seu povo. Assim aconteceu na China, na Índia, no Egito, na Grécia, na Judéia, na América do Norte, no México, no Peru, enfim, em todos os continentes.
 
Dentro desse contexto e com um estudo que merece da minha parte uma pesquisa constante, deparei-me com o descobrimento de um cidadão nascido no interior do México, Don Miguel Ruiz, em 27 de agosto de 1952, de origem tolteca, um povo que nos séculos XI e XII dominou quase toda a região central do território mexicano. Os toltecas são conhecidos pela sua vasta influência sobre outras culturas da região, tais como os maias e os astecas.
 
Para historiadores e arqueólogos, os toltecas são um dos mistérios mais interessantes das culturas pré-colombianas. Este conhecimento se expressava em suas tradições e em sua forma de vida. Eles entendem que somos expressão da fonte criadora de tudo o que existe.
 
Don Miguel Ruiz dedica sua vida para a divulgação da filosofia tolteca, que sintetizou no livro “Os Quatro Compromissos”. Ele era o mais novo de 13 filhos. Sua mãe era curandeira e seu avô, Don Leonardo, um conhecido “nagual”, nome antigo que os toltecas davam aos xamãs.
 
Ruiz é autor também de “As Quatro Verdades” – bestseller do New York Times, ao longo de mais de uma década –, “O Mestre” e “A Voz do Conhecimento”. Tem dedicado sua vida a partilhar a sabedoria da ancestral cultura tolteca por meio de seus livros, conferências e viagens por todo o mundo. Foi considerado, em 2016, pela revista Watkins Mind Body Spirit a 28ª pessoa espiritualmente mais influente no mundo, numa lista encabeçada pelo Dalai Lama e o Papa Francisco.
 
Para resumir, os quatro compromissos são:
 
Em primeiro lugar, mantenha-se fiel à linguagem, ou seja, à sua palavra: este é um método prático para cuidar de si mesmo e cuidar dos outros, e estabelece as bases para suas habilidades de comunicação, ressaltando sua consciência e responsabilidade com a sua palavra.
 
Em segundo lugar, nunca leve nada para o lado pessoal – este compromisso ajuda você abrir mão de um dever que pensava ter em relação às ações de outras pessoas. Se você acha que tudo é sobre você, todos os assuntos estão associados a você e você está no centro de tudo o que acontece, está muito enganado. Largue esse fardo que impôs a si mesmo, porque a realidade é que nada do que os outros fazem é por sua causa: as decisões deles são deles e somente deles. Somos todos responsáveis por nossas ações, mas não pelas de nossos semelhantes. É uma ferramenta que ensina humildade e afasta o egoísmo.
 
Terceiro, não tire conclusões precipitadas: este compromisso oferece a oportunidade de comunicação aberta em qualquer relacionamento. Frequentemente, tomamos decisões com base em nossas suposições e não em fatos, e então nossa lógica funciona para explicar nossas emoções. Isso pode levar a uma bola de neve de mágoa, confusão e insultos, mesmo que nada realmente ruim tenha acontecido.
 
Quarto, sempre faça o seu melhor: o compromisso final pede que você esteja atento à sua mente e ao seu corpo, e observe as mudanças pelas quais eles passam continuamente. Ele comenta, e fala sobre a importância de abordar questões espirituais com humildade e mente aberta. Nem todas as respostas são óbvias ou lineares, e muitas vezes precisamos deixar de lado nossas preconcepções para mergulhar na profundidade da busca interior. 
 
Assuma e aja de acordo com esses compromissos, e é assim que você poderá começar a existir em uma vida livre de arrependimento, mágoa e culpa.
 
Ou seja, trata-se de uma concepção tolteca, mas que, naturalmente, poderá servir de orientação para todos. A ciência da vida não é privilégio de um determinado povo, pois ela é suscitada em todos os tempos e em todos os continentes.
 
(*Heitor Rodrigues Freire – corretor de imóveis e advogado)


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Postado por: Heitor Freire (*), 25 Novembro 2023 às 09:00 - em: Falando Nisso


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