A 1ª reeleição de governador em MS Wagner Cordeiro Chagas (*)

A 1ª reeleição de governador em MS

O primeiro governo genuinamente de centro-esquerda de Mato Grosso do Sul, liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), conseguiu superar alguns preconceitos num estado com características conservadoras. O início da gestão Zeca do PT não foi fácil, pois herdou pesadas dívidas da gestão Wilson Martins (PMDB 1995-1998), como as 4 folhas salariais atrasadas do funcionalismo público.
 
Para colocar o estado nos trilhos, o governo do PT precisou seguir alguns caminhos que não eram ditados pela cartilha do partido, mas que alguns governadores eleitos em pleitos anteriores, em outros estados, como Espírito Santo, já haviam experimentado, como as reformas do Estado, cortes gastos públicos, entre outras coisas. Outro fato que demonstrou maturidade do PT em Mato Grosso do Sul foi a união feita com deputados do PSDB e PFL na Assembleia Legislativa e com os deputados federais e senadores da bancada sul-mato-grossense de outras legendas do campo ideológico de centro e de direita. Alas à esquerda do PT reagiram, mas o governo conseguiu acalmar os ânimos. 
 
As reformas permitiram ao governo Zeca implantar importantes programas que trouxeram a confiança do empresariado para investir no estado, além da criação de políticas públicas que ajudaram na inclusão social de muitos cidadãos menos favorecidos, como a Bolsa Escola, Segurança Alimentar, o Cursinho Popular Pré-Vestibular. Outro fator importante foi o apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao governo Zeca, com o qual importantes obras puderam ser concluídas, como a ponte sobre o Rio Paraguai e a inauguração do gasoduto Bolívia-Brasil.
 
Foi assim que, em 2002, Mato Grosso do Sul realizou sua 6ª eleição para governador. Naquele pleito concorreram: Zeca do PT, à reeleição; a deputada federal Marisa Serrano (PSDB) – substituta de André Puccinelli (PMDB), que desde 2001 sinalizava renunciar à Prefeitura de Campo Grande e disputar o governo, mas não o fez – o então vice-governador Moacir Kohl (PDT), que rompeu com aliança de 1998 e levou PDT e PPS a seguir por um caminho próprio; o professor universitário Claudio Freire (PSB); o engenheiro civil Carlos Marun (PTB) e o também engenheiro civil Claudio Anache (PTC).
 
A disputa foi para o segundo turno, tanto na esfera estadual quanto a nível nacional. Zeca concorreu com Marisa Serrano. O ex-operário e ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), concorreu pela 4ª vez à Presidência da República, tendo como principal rival o ex-ministro da Saúde do governo FHC, José Serra (PSDB). Zeca apoiava Lula, Marisa acompanhava Serra. No segundo turno, em disputa acirrada com Marisa Serrano, Mato Grosso do Sul reelegeu Zeca do PT e ajudou a eleger Lula presidente.
 
Para deputado estadual foram escolhidos, pelo PSDB: Flavio Kayatt, Sergio Assis, Waldir Neves e Roberto Orro. Pelo PMDB: Simone Tebet, Onevan de Matos e Celina Jallad. Do PT: Pedro Teruel, Pedro Kemp e Semy Ferraz. Do PL: Londres Machado, Paulo Corrêa e Antônio Carlos Arroyo. Pelo PTB: Nelsinho Trad e Pastor Barbosa. Pelo PDT: Ary Rigo e Dagoberto Nogueira. Do PSL: Jerson Domingos e Akira Otsubo. Os demais deputados estaduais foram eleitos por uma sigla cada: Zé Teixeira (PFL), Maurício Picarelli (PSD), Antônio Braga (PPS), Raul Freixes (PST) e Ari Artuzi (PMN).
 
Para a Câmara dos Deputados, o PT estadual elegeu sua maior bancada: Vander Loubet, João Grandão e Antônio Carlos Biffi. Do PMDB: Waldemir Moka e Antônio Cruz. Os demais foram: Murilo Zauith (PFL), Nelson Trad (PTB) e Geraldo Resende (PPS).
 
Ao Senado foi reeleito o senador Ramez Tebet (PMDB) e o PT estadual conquistou sua primeira vaga com o engenheiro civil Delcídio do Amaral. Também pleitearam uma vaga de senador: Pedro Pedrossian (PST), Athayde Nery (PPS), João Derli (PSB), Ubirajara Martins (PSB) e Carlos Leite (PV).
 
(*Wagner Cordeiro Chagas é mestre em História pela UFGD e professor em Fátima do Sul, pesquisa sobre história política de MS desde 2007 e é autor do livro “As eleições de 1982 em MS” - 2016)


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Postado por: Wagner Cordeiro Chagas (*), 27 Setembro 2018 às 13:45 - em: Falando Nisso


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