Heitor Freire (*)
107 Anos
No dia 16 de agosto último, a Santa Casa de Campo Grande comemorou em grande estilo seus 107 anos, registrados a partir do momento em que cidadãos conscientes se reuniram em 1917 e iniciaram uma coleta de recursos para a criação e a construção de uma Santa Casa de Misericórdia em nossa cidade.
De lá para cá, a história de Campo Grande se confunde com a da Santa Casa. Campo Grande tinha naquela época apenas 18 anos de sua elevação de vila a cidade. Assim, essas duas jovens cresceram e evoluíram juntas, passo a passo.
Na cerimônia de comemoração, em solenidade ocorrida dentro da própria instituição, muitos foram os destaques: o lançamento do livro Santa Casa e Campo Grande, uma história de pioneirismo e solidariedade, escrito por mim em coautoria com Marília Leite, e apresentado pelo curador do Centro Histórico e Cultural, Sebastião Parente Teles – funcionário da Santa Casa há 46 anos. Houve também uma justa homenagem aos benfeitores da instituição e uma apresentação do coral oficial da entidade, entoando o hino de Campo Grande e a canção Meu Caminho.
Além dessas atrações, o público presente assistiu à apresentação do nosso diretor técnico, dr William Leite Lemos Júnior, que exibiu seus dotes de tenor – desconhecido da grande maioria –, acompanhado ao teclado pela gerente da enfermagem, Maressa Aragão, e ao cajon por Denis Santana, cuja performance enriqueceu a apresentação do tenor, com a oração de São Francisco. Como se vê, nossos funcionários têm talentos que vão muito além do campo da medicina.
A homenagem aos grandes benfeitores da Santa Casa, os cidadãos Camillo Boni, Elisbério Souza Barbosa, Laucídio Coelho, Naim Dibo e Luiz Alexandre de Oliveira, se deu sob a forma da outorga dos títulos de beneméritos post mortem, entregues a seus descendentes.
Camillo Boni, grande arquiteto e um dos fundadores da Santa Casa, foi quem elaborou o projeto arquitetônico dos primeiros pavilhões do prédio original e acompanhou toda a sua construção, de forma voluntária. Aliás, a contribuição de Camillo Boni para Campo Grande ao longo de décadas foi muito significativa. Ele foi o autor do projeto da Casa do Artesão, do colégio Dom Bosco, do colégio Nossa Senhora Auxiliadora, da Loja Maçônica Oriente Maracaju – a primeira de Campo Grande –, e também foi o autor do projeto do primeiro bairro da cidade, o Amambaí. Em homenagem à sua contribuição com o Sesc, o prédio do Sesc na avenida Afonso Pena leva o seu nome. O título de benemérito da Santa Casa foi entregue a seu filho, Carlos Camillo Boni, e à sua neta, Camilla Boni.
Elisbério, Laucídio e Naim, na década de 50 construíram, cada um, às suas expensas, três pavilhões da Santa Casa destinados à pediatria e maternidade, à ortopedia e aos doentes mentais. Além da construção, foram também os responsáveis por equipar adequadamente os pavilhões, sob a forma de doação. Na solenidade de comemoração, foram representados, respectivamente, por seus netos, Maria Olga Mandetta e Maria Túlia Bertoni, Aluízio Lessa Coelho e Alexandre Dibo.
O dr. Luiz Alexandre de Oliveira doou o prédio do colégio Oswaldo Cruz à Santa Casa, e essa nova unidade irá abrigar sua escola de saúde e a futura faculdade de medicina. Durante a solenidade, o título de benemérito foi entregue ao professor Fábio Edir dos Santos Cosa, diretor da escola de saúde. Ele foi reitor, por dois mandatos, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
Foram emocionantes as palavras da atual presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, que traçou um breve histórico da sua administração – ela que é a primeira mulher a presidir a instituição –, demonstrando a consciência da missão que lhe foi destinada por eleição, em que procura despertar nos milhares de funcionários do hospital o verdadeiro sentimento de pertencimento. Entre os destaques de sua administração estão a inclusão dos funcionários no plano Santa Casa Saúde, o serviço de assistência médico-hospitalar da entidade, e a criação do programa de qualificação dos líderes do hospital, por meio do curso de aperfeiçoamento profissional gerido pela Fundação Dom Cabral, valorizando o que há de mais importante em qualquer organização: o ser humano.
A Fundação Dom Cabral é uma escola de negócios brasileira com padrões internacionais de desenvolvimento e capacitação. A FDC foi eleita em 2023 a sétima melhor escola de negócios do mundo pelo Ranking de Educação Executiva do jornal Financial Times.
Enfim, a celebração de aniversário da Santa Casa foi uma noite memorável que ficará na mente e no coração de todos que ali estavam.
(*Heitor Rodrigues Freire – Decano do Conselho de Administração da ABCG Santa Casa)
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Postado por: Heitor Freire (*), 24 Agosto 2024 às 09:15 - em: Falando Nisso