A semana começou agitada no mercado financeiro após queda de quase 30% no preço internacional do petróleo na abertura dos mercados da Ásia. O dólar chegou a ser negociado a R$ 5 em casas de câmbio do Brasil levando o Banco Central a vender US$ 3 bilhões das reservas para conter a alta. Ações da Petrobras chegaram a cair até 25%, a maior da história da estatal, e o Ibovespa abriu em forte queda batendo -10% e levando a Bolsa de Valores brasileira a acionar o chamado circuit breaker que suspendeu por pouco mais de meia hora a venda de ações nesta manhã. A maior queda no preço do petróleo em um único dia desde a Guerra do Golfo em 1991 foi deflagrada pela Arábia Saudita ao aumentar sua produção e oferecer descontos de até 20% em relação ao petróleo bruto, abrindo uma guerra de preços com a Rússia, que lidera a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

O Fundo Soberano da Noruega retirou a Petrobras da lista de companhias "em observação", por conta do risco menor de corrupção na empresa. A companhia foi incluída na lista em janeiro de 2016, devido aos casos de corrupção revelados durante as investigações da Lava Jato. Fora da lista, a Petrobras volta a ser elegível para receber investimentos do fundo norueguês. O Banco Norueguês seguiu recomendação do Conselho de Ética do fundo que reconheceu as medidas da Petrobras no combate à corrupção. Criado após as descobertas de petróleo no mar do norte, o Fundo Soberano é uma espécie de poupança da Noruega, sustentado por recursos da indústria de petróleo. Conforme o site InfoMoney, o fundo investe atualmente em cerca de 9 mil empresas em 70 países e, além da rentabilidade, considera questões de integridade, ambientais e sociais nas suas decisões de investimento.

Novo leilão realizado hoje pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para vender mais cinco áreas de exploração de petróleo foi novamente marcado pela ausência de investidores estrangeiros, frustrando as expectativas do governo. Uma única oferta foi feita pela Petrobras em consórcio com a chinesa CNODC, que arrematou o bloco de Aram, na bacia de Santos, o mais caro do lote, por R$ 5,05 bilhões. O resultado atingiu 64,3% da arrecadação esperada.

O megaleilão do pré-sal realizado hoje arrecadou R$ 69,96 bilhões, com o arremate dos blocos de Búzios e Itapu, duas das quatro áreas ofertadas, com oferta única da Petrobras, sem ágio. O de Búzios, maior de todos, foi arrematado por R$ 68,194 bilhões, que serão pagos até 27 de dezembro, em consórcio formado pela Petrobras (90%) com as chinesas CNODC Brasil (5%) e CNOOC Petroleum (5%). O de Itapu, arrecadado por R$ 1,76 bilhão, será 100% pela estatal brasileira. Se os quatro blocos fossem arrematados, a arrecadação chegaria a R$ 106,5 bilhões. Mesmo assim, é o maior valor conseguido em um leilão de petróleo no mundo, em que as empresas pagam pelo direito de exploração. Embora 14 empresas tenham sido habilitadas para a disputa, o leilão foi marcado pela desistência das grandes petroleiras estrangeiras, fato comemorado pela oposição ao governo Jair Bolsonaro. Com a arrecadação, a União espera acelerar a exploração de petróleo no país e usar os recursos para oferecer um alívio nas suas contas públicas e nas dos Estados e municípios.

O petróleo que atinge o litoral do Nordeste saiu do navio mercante de bandeira grega Bouboulina, da empresa Delta Tankers LTD. A informação da Polícia Federal consta na decisão do juiz federal Francisco Eduardo Guimarães Farias, da 14ª Vara Federal em Natal (RN), que determinou busca e apreensão que estão sendo cumpridas hoje na empresa Lachmann Agência Marítima, agente da Delta Tankers no Brasil, e na empresa a Witt O Brien's, ambas com sede no Centro do Rio, informa o jornal O Globo. Conforme as investigações que buscam apurar se houve vazamento ou despejo de petróleo, a embarcação  atracou na Venezuela  em 15 de julho que seria levado a Singapura e o derramamento de óleo teria ocorrido a 700 km da costa brasileira entre os dias 28 e 29 de julho. O navio, ainda conforme o jornal, ficou detido nos Estados Unidos por quatro dias, conforme documento encaminhado pela Marinha à PF, por "incorreções de procedimentos operacionais no sistema de separação de água e óleo descarga no mar".

O Senado aprovou na noite anterior o projeto que define regras para a divisão, entre estados e União, dos recursos do megaleilão de petróleo marcado para 6 de novembro. O texto-base foi aprovado por 68 votos a zero e o único destaque, que aumentava a cota para os estados do Norte, Nordeste e o Distrito Federal, foi rejeitado. Já aprovada na Câmara, o texto segue à sanção do presidente Jair Bolsonaro. O projeto destina 30% do que a União arrecadar no leilão aos entes federados. Os estados ficarão com 15% – ou R$ 10,9 bilhões, se todos os campos forem leiloados – e os municípios com outros 15%. Mato Grosso do Sul vai receber quase R$ 413,5 milhões, sendo R$ 252,7 milhões para o governo e cerca de R$ 160,5 milhões a serem distribuídos entre as 79 prefeituras.

O petróleo que está poluindo praias do Nordeste nas últimas semanas veio da Venezuela, disse hoje à imprensa a pesquisadora do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Olívia Oliveira, ao anunciar o resultado de testes comparativos feitos com sete amostras coletadas na Bahia e duas no Sergipe. Falta agora descobrir como o petróleo venezuelano foi parar na costa brasileira. O governo do ditador Nicolás Maduro nega que existam vazamentos nos campos de petróleo venezuelanos que possam ter causado danos ao ecossistema do Brasil.

O governo de Mato Grosso do Sul é sexto no ranking dos que mais ganharam com o novo acordo do Congresso aprovado pela Câmara ontem para a divisão dos recursos do megaleilão do petróleo, marcado para novembro. A partilha anterior, aprovada pelo Senado e rejeitada pelos deputados, beneficiava mais os governos do Norte e Nordeste. O novo texto beneficia os do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em comparação à PEC anterior, o governo de SP é que, proporcionalmente, mais ganhou: o repasse disparou de R$ 93,9 milhões para R$ 632,6 milhões. Vale observar que esse valor não inclui o repasse aos municípios, que não foi alterado. Na sequência, aparecem o RS cujo repasse saltou de R$ 131,3 milhões para R$ 450,2 milhões; MT – de R$ 221,9 milhões para R$ 665,1 milhões; SC – de R$ 113,8 para R$ 188,9 milhões; MG – de R$ 537,1 milhões para R$ 848,7 milhões. Para o Governo de MS, o repasse aumentou de R$ 185,5 para R$ 252,8 milhões. O valor de cerca de R$ 160,5 milhões a ser distribuído entre as 79 prefeituras não teve alterações, totalizando quase R$ 413,5 milhões para MS. (Com Clodoaldo Silva, de Brasília)

A presidente da CCJ do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), disse hoje que a reforma da Previdência aprovada em primeira votação ontem na Casa é "prioridade de todos: municípios, estados e União" e criticou a ameaça de alguns senadores de condicionar a votação em segundo turno à partilha dos leilões do pré-sal. Seria "dar com uma mão e tirar com a outra", afirmou. A senadora defende que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), faça um acordo para que o governo edite uma MP que garanta a divisão com estados e municípios de parte dos R$ 106 bilhões da cessão onerosa do petróleo. Ouça o áudio abaixo.