No mesmo dia em que declarou apoio à reforma da Previdência, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), perdeu a paciência ontem com a frase "Quero que vocês se explodam" postada no Twitter pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) sobre uma nota de repúdio do grupo Hamas à abertura do escritório do Brasil em Jerusalém. O filho do presidente apagou a tuitada, mas o estrago já estava feito.

Ao encontrar os líderes do governo no Congresso e na Câmara, Joice Hasselmann (PSL-SP) e Vitor Hugo (PSL-GO), o deputado Alceu comentou o assunto e disparou: "Chega! Chegamos ao limite! Não dá mais! Acabou a paciência!". O repórter Bruno Góes, de O Globo, que presenciou a cena, relatou no jornal: "Joice e Vitor Hugo ainda tentaram acalmar o presidente da frente ruralista, mas ele saiu em disparada a um dos elevadores privativos da Câmara". 

Mais tarde, Alceu Moreira, preocupado em manter as exportações rurais aos países árabes, escreveu no Twitter: "Na expectativa de ver nosso país no rumo certo nós da @fpagropecuaria temos sido compreensivos e conciliadores. No entanto, não teremos o mesmo comportamento com atos irracionais e irresponsáveis que tragam prejuízos ao setor."

A deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) assumirá na próxima terça-feira, às 20h, em Brasília, a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que reúne mais de 200 deputados e dezenas de senadores no Congresso Nacional, em substituição ao deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). Atual vice-presidente, Tereza diz que, no comando da frente, vai defender temas de interesse do agronegócio nacional relacionados aos créditos para a produção agropecuária, a modernização da legislação de defensivos agrícolas, revisão das regras sobre patrimônio de afetação (que tratam das garantias oferecias em financiamentos), discussões sobre a demarcação de terras indígenas e áreas de quilombolas, a revisão da legislação do licenciamento ambiental e a aquisição de terras por estrangeiros para garantir a segurança jurídica necessária à competitividade do setor.

Em reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) ontem, Jair Bolsonaro apresentou seu projeto para o setor, discursou contra o MST e voltou a prometer que entregará fuzis para fazendeiros enfrentarem invasores de terra. O discurso populista, entretanto, não agradou os desconfiados ruralistas, como acontece com jovens empolgados eleitores diante de quem diga o que eles querem ouvir. Para os produtores rurais, o discurso do pré-candidato à Presidência é "genérico", "inconsistente" e "radical", informa o Estadão de S.Paulo.