Trabalhadores com recursos do FGTS têm até às 12h (DF) desta quarta-feira (8) para indicar que querem usar parte dos recursos do fundo de garantia na compra de ações da Eletrobras. 

De hoje até a próxima quarta-feira, trabalhadores com carteira assinada podem manifestar interesse em comprar ações da Eletrobras, em processo de privatização, com recursos do FGTS. 

Com placar apertado, e 42 votos contra 37, o Senado aprovou hoje a Medida Provisória que permite a privatização da Eletrobras, condicionada à outorga de nova concessão de geração de energia elétrica. Para conseguir apoio, o texto teve modificações e por isso terá de voltar à apreciação da Câmara dos Deputados e terá de ser aprovado até a próxima terça-feira para a MP não perder a validade. De Mato Grosso do Sul, a MP teve dois votos a favor e um contra.

"Está passando a boiada inteira na MP da Eletrobras. A fauna é completa: tem boi na linha, jabuti na árvore, bode na sala, dose pra elefante e teimoso como mula. Mas o q + tem é lobo em pele de cordeiro. A verdade: milhões de brasileiros vão pro brejo por conta do aumento da conta", disparou a senadora Simone Tebet (MDB-MS) nesta tarde no Twitter, um dia depois de ter criticado os "jabutis" inseridos no texto na Câmara dos Deputados. Após várias versões apresentadas para o relatório no Senado, a líder da bancada feminina afirmou em sessão virtual do Senado que "o que estava ruim, ficou ainda pior", e classificou a MP como "monstrengo jurídico".

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que não votará a favor da MP que abre caminho para a privatização da Eletrobras e criticou os "jabutis" (temas inseridos no texto na Câmara dos Deputados, sem relação direta com o objetivo da proposta), como o que obriga o governo federal a contratar 6 mil megawatts (MW) em termelétricas a gás em locais sem reservas e gasodutos para escoar o insumo. "Lugar de jabutis é nas matas brasileiras".

No evento alusivo aos 300 dias de governo, Jair Bolsonaro também assinou um projeto que permite a privatização da Eletrobras. Segundo o ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia), que entregou o texto ontem ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a estatal perdeu sua capacidade de investimento. "Desde 2014, a Eletrobras não participa de nenhum leilão de energia porque não tem recursos e está perdendo a sua participação no mercado. O que nós queremos é uma empresa competitiva e que possa cumprir o importante papel para a segurança energética do país", afirmou. 

A pedido da Câmara dos Deputados, o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, derrubou hoje liminar expedida no dia 11 de janeiro pelo juiz Cláudio Kitner, da 6ª Vara Federal de Recife, que suspendia efeitos de trecho da MP 814/2017 e impedia a privatização da Eletrobras e suas subsidiárias – como Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul e CGTEE – dentro do programa de desestatização. Ao liberar a privatização, Alexandre de Moraes argumentou que o juiz, ao declarar a inconstitucionalidade de parte da Medida Provisória editada no fim de 2017 pelo governo Temer, usurpou competência do Supremo.