Enquanto as manifestações convocadas por grupos de direita para o dia 15 de março em defesa do governo de Jair Bolsonaro marcaram as polêmicas da semana na imprensa nacional, partidos de esquerda como o PT e o PSOL, com apoio de centrais sindicais como a CUT e movimentos sociais, estão convocando três protestos para o mês que vem contra o presidente. Sites de esquerda anunciam o protesto "Mulheres contra Bolsonaro. A democracia não será silenciada" para 8 de março, Dia Internacional a Mulher; o PSOL promoverá manifestações com o mote "Quem mandou matarar Marielle?" no dia 14 e as centrais sindicais e partidos convocam apoiadores para deflagrar no dia 18 o "Dia Nacional de Paralisação, Mobilização, Protesto e Greves".

Petistas de Mato Grosso do Sul vão eleger no próximo domingo o novo diretório estadual do partido e três candidatos disputam a presidência: o ex-governador Zeca do PT, que busca a reeleição; o ex-prefeito de Mundo Novo, Humberto Amaducci; e o presidente da CUT-MS Genilson Duarte. Ao mesmo tempo, serão eleitos os diretórios municipais. Em Campo Grande a votação será das 9 ás 17h na Câmara dos Vereadores e também são três candidatos na disputa da presidência local do partido: o atual presidente Agamenon do Prado, o advogado e ex-BBB Ilmar Renato Fonseca (Mamão) e a professora da UFMS Mariuza Guimarães, ex-presidente do sindicato dos docentes da universidade federal (Adufms). Também serão escolhidos delegados que vão representar o estado na eleição do diretório nacional do PT em novembro.

Expulso nesta semana do PSL, Alexandre Frota (SP) disse hoje à revista Época que ingressou no PSDB à convite de João Doria, voltou a criticar Jair Bolsonaro e já defende a candidatura do governador de São Paulo para presidente em 2022. "Estou aliviado de não ter mais o peso Bolsonaro em minhas costas. Isso não é ser Judas, como a milícia dele tenta pintar", afirmou. "Ele fala que tem de fazer cocô dia sim, dia não, para preservar a natureza. Melhoraria nossas vidas ele não fazer cagada todos os dias", disparou.

Frota disse à revista que fazia a segurança de Bolsonaro na campanha, porque ele tinha "medo" de petistas. "Muitas vezes ele ficava assustado, com medo da CUT, do PT, do MST, e eu trazia amigos de minha academia para fazer a segurança dele. (...) Saí na porrada com o PT por causa dele, participei de todas as manifestações".

O novo deputado tucano também defendeu Doria para o Planalto. "Doria presidente dará dignidade ao país. Bolsonaro tem viés ditatorial. Um deputado que não concorda com ele é expulso do partido. Um ministro que não compactua com a vontade do filho dele é demitido."

Nesta semana têm festas julinas da esquerda em Campo Grande. Na sexta-feira, dia 12, a CUT, central ligada ao PT, faz a partir o "Forró da Resistência" a partir das 20h em sua sede, próxima à Feira Central. No sábado, dia13, é a vez do PDT promover o "Arraiá do Véio Briza", em alusão a Brizola, a partir das 19h na sede do partido no Bairro Santa Fé. Indagado se as datas, que correspondem aos números dos partidos, teriam sido trocadas de propósito ou ao acaso, o jornalista e militante Alan Kaká, parafraseando o bordão do Chicó, em O Auto da Compadecida, respondeu: "Não sei... só sei que foi assim".

Aproximadamente 45 mil pessoas começaram o dia sem ônibus em Campo Grande, conforme o consórcio das empresas, com adesão de motoristas aos protestos nacionais contra a reforma da Previdência convocados por partidos de oposição como o PT e centrais sindicais. A saída dos ônibus das garagens que acontece às 4h foi atrasada por mais de 3h pelos motoristas e os veículos só começaram a circular por volta das 7h30, fazendo muita gente chegar atrasada ao trabalho. Com cartazes com fotos de deputados e senadores da bancada federal de Mato Grosso do Sul, sindicalistas e filiados cobraram 'não' à reforma em passeada nas ruas centrais da cidade. Entidades como a CUT-MS, a Fetems e sindicatos de servidores da UFMS estimam que 20 mil pessoas devem participar dos atos durante o dia na Capital.

O deputado Paulinho da Força (SD), líder da Força Sindical, disse hoje em ato que uniu pela primeira vez sua central e a CUT no Dia do Trabalhador, em São Paulo, que partidos do Centrão pretendem aprovar uma reforma da Previdência que não garanta a reeleição de Jair Bolsonaro. "O que estamos discutindo dentro do Centrão é que precisamos fazer uma reforma que não garanta a reeleição de Bolsonaro". Em seguida, Paulinho explicou: "R$ 800 bilhões garantem, de cara, e reeleição dele. Se dermos 800 [bilhões de reais] como disse ele, significa que nos últimos 3 anos dele [na Presidência], há (R$) 240 bilhões ao ano para gastar. Eu acho que temos de ter em torno de (R$) 500 bi. [R$] 600 [bilhões] seria o limite para essa reforma". Para Paulinho, a reforma desidratada pode dar chance a outros partidos na disputa da Presidência em 2022. "Com esse discurso, tenho certeza que a gente traz todo mundo do Centrão, porque ninguém quer a reeleição de Bolsonaro", declarou. (Com Estadão de SP)

Apesar do ataque ao acampamento de militantes apoiadores de Lula em Curitiba, o PT manteve a programação da vigília "Lula Livre" na cidade e neste feriado do Dia do Trabalho, com apoio da CUT, os principais nomes do partido devem fazer discursos em prol da liberdade do ex-presidente. Conforme o jornal Correio Braziliense, uma gravação de Lula inédita de 1986 será distribuída pelo país. A assessoria do PT no Paraná disse que a programação de amanhã começa às 7h com concentração no terminal Boa Vista, próximo à sede da Polícia Federal. De lá, os manifestantes seguem para o edifício da PF, onde, diariamente, há uma rito conhecido como “bom dia, Lula” — quando todos dizem a frase aos gritos. Em carta à senadora Gleisi Hoffmann (PR), o ex-presidente afirmou que consegue ouvir seus apoiadores, e pediu para que eles continuem com a "tradição". Depois, haverá um ato ecumênico e uma passeata ao Centro às 14h, quando haverá ato na Praça Santos Andrade. No fim, haverá shows de artistas locais e nacionais, como Maria Gadu e Beth Carvalho.