Michelle Bachelet venceu as eleições presidenciais do Chile neste domingo e voltou a fazer história. Depois de ser a primeira mulher presidente eleita do país (de 2006 a 2010), é a primeira eleita pela segunda vez. E obteve a maior votação de um candidato à presidência (62,2%), desde que o Chile retomou as eleições democráticas em 1989.
Outro fato marcante é que foi uma rara disputa entre esqueda, representada por Michelle, e direita, representada pela governista Evelyn Matthei, que teve 37,8% dos votos neste segundo turno. No Brasil, por exemplo, embora alguns vivam repetindo coisa diferente (por interesses óbvios, ou por ignorância mesmo) a disputa presidencial tem sido travada nos últimos anos entre as variedades de esquerda - a nascida do operariado com o PT, a chamada "esquerda do Mackenzie" ou de elite como o PSDB, a dos ambientalistas representada por Marina Silva, a dos socialistas tradicionalistas representada hoje por Eduardo Campos (neto de Miguel Arraes) e por aí vai.
Por telefone, Bachelet disse ao atual presidente Sebastián Piñera que, a partir de março, será a "presidente de todos os chilenos". Com cerca de 70% das urnas apuradas, Evelyn reconheceu a derrota. "Está claro, ela ganhou e a parabenizo", disse a candidata, que, civilizadamente, visitou Bachelet para parabenizá-la.
Vale frisar também que como voto não é mais obrigatório no Chile, menos de metade dos eleitores compareceram às urnas e fotos de mesários cochilando repercutiram na imprensa. Nem por isso, a eleição deixa de ser legitima. E, talvez, assim seja mais democrática e ainda mais legítima. Pois representa a vontade de quem de fato quis participar e não a de quem foi forçado a isso.