O novo é velho! E o velho não morre Edson Moraes (*)

O novo é velho! E o velho não morre

 

SIM! Comecemos um novo ano dizendo SIM! Porque esta é a resposta ao convite que Deus nos faz há mais de dois mil anos, por meio de seu filho, Jesus, para que sigamos o caminho que nos leva até Ele.
 
E dar este sim é dizer NÃO ao egoísmo, à vaidade, à mentira, à intolerância, ao preconceito em qualquer de suas formas. Dar este sim equivale a continuar sonhando e a ter esperanças.
 
Mas ninguém pense que no cotidiano da vida terrena eu viva espremido pela dicotomia maniqueísta do sim e do não.
 
Sou lugar-comum. Errático. Chorão. Escorrego, claudico, absorvo-me e diluo-me nas ondas revoltas que nos arrastam quando fingimos não dimensionar nossa pequenez humana.
 
Antes de descobrir que há outras andanças além do sim e do não materiais, descobri que existia a esperança. Ela me foi apresentada quando criança e, num vôo platônico, chegou fantasiada de Papai Noel, envolvida e misteriosa no ventre de embalagens multicores despejadas na casa do vizinho.
 
Eu via a esperança de muito perto e ela estava distante demais, embora o que nos separasse eram apenas uns dez passos de uma pequena cerca de balaustre. Na verdade, eu não a via; eu a imaginava, eu a sonhava, eu a desejava. Esperança não me era um brinquedo. Era um desfazer das primeiras miragens de criança, uma sensação lúdica de já possuir aquilo que não me pertencia.
 
E a esperança transitou, misteriosa e embrulhada, da noite do Natal para a noite vesperal do Ano Novo. E naqueles seis curtos dias ela também havia deixado de ser criança comigo. Havia crescido. E avançava por sobre meus rastros tamanho 32, ansiosa para multiplicar-se nas estradas à minha frente.
 
Quando eu pensava no brinquedo que eu não tinha, não sentia raiva do filho do vizinho que eu tinha. Papai me ensinou e mamãe me provou que SER deveria, sempre, sem exceção, uma condição existencial melhor e mais prazerosa que TER.
 
Mas, caramba, o que é que eu era ou queria ser naqueles dias imberbes, de calça curta e saltitando nos beabás das primeiras descobertas? Sem resposta para essa pergunta, fiz o improvável: sonhei, desejei, sonhei, desejei e consegui num sonho apoderar-me da esperança embrulhada dentro de um pacote vermelho pendurado na árvore de Natal que acendia e apagava na casa do vizinho.
 
Cresci e mudei: de casa, de cidade e de vizinhos. Mas não de sonhos. Neles, refeitos ou repetidos, renovados ou esgarçados, multiplicava-se a esperança. Ela, criança, pueril, enigmático, fascinante. Eu, dos escombros de mim, fiz-me avançar e levantar na escuridão das procelas para continuar tenteando meus conhos, como se fossem pipas indóceis empinadas com dificuldade diante do vento sul.
 
Não tenho uma história espetacular. Sequer é comum. Mas tenho uma história, porque continuo sonhando. Só quem sonha consegue ter esperanças e entender que elas, por existirem, já estão realizadas. Porque são. Papai me ensinou. Mamãe me mostrou. Ser é melhor que ter. Ser é são. Ser é estar. Ser é sonhar. Ser é viver. É não ser jovem nunca para não envelhecer.
 
Feliz 2013!
 
(*Edson Moraes, corumbaense radicado em Campo Grande-MS é jornalista e militante petista)


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Postado por: Edson Moraes (*), 01 Janeiro 2013 às 14:51 - em: Falando Nisso


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