Militante da Juventude do PT de Campo Grande, Camila Bazachi, de 21 anos, seguia rumo ao ato alusivo ao Dia das Mulheres promovido pelo partido na Praça Ari Coelho, ontem, quando teve um encontro inusitado com um senhor de óculos no ponto de ônibus.

 

Simpática, ela deu bota tarde. Ele retribuiu e a parabenizou pela data. Em seguida ele lhe entregou um cartão dos livros que escreveu sobre suas memórias de quando ajudou a impedir o comunismo de se instalar no Brasil combatendo militantes do PCdoB na Guerrilha do Araguaia.

 

Empolgado, contou que foi depor na Comissão da Verdade e até descreveu o que faziam com os inimigos. Camila, com delicadeza, teve coragem de expor sua opinião. Mas, por instinto, usou a bolsa onde levava uma bandeira vermelha da JPT para esconder a estrela vermelha do PT em sua camiseta.

 

O ônibus finalmente chegou. Quando embarcava, a jovem petista ainda chegou a ouvir seu interlocutor elogiar sua inteligência.

 

Era o militar da reserva e advogado José Vargas Jiménez, de 67 anos, corumbaense radicado em Campo Grande. Nos anos 70 ele ficou conhecido como sargento Chico Dólar, segundo no comando do grupo liderado pelo major Sebastião Curió rodrigues de Moura, o major Curió, enviado ao Araguaia para exterminar os guerrilheiros comunistas do PCdoB, o antigo Partidão.

 

– "O Genoíno saiu vivo por ter sido capturado antes de entrarmos na selva. Ele entregou todos e não sobrou nenhum" contou o polêmico Chico Dólar aqui ao Blog em 2011, ao falar de seus livros da guerrilha intitulados Bacaba, palmeira abundante na época na região do Araguaia naquela época, que também deu nome da base da Operação Marajoara, da qual Vargas atuou como sargento.