MS 40 Anos: O Governo Pedro Pedrossian (PDS 1980-1983) Wagner Cordeiro Chagas (*)

MS 40 Anos: O Governo Pedro Pedrossian (PDS 1980-1983)

Continuo aqui o breve histórico das gestões administrativas de Mato Grosso do Sul. Neste apresento as características do primeiro governo de Pedro Pedrossian, entre 1980 e 1983. A chegada do então senador e ex-governador de Mato Grosso uno ao cargo significou o fim da instabilidade política vivida pelo estado desde sua implantação. Pedro Pedrossian foi o último governador nomeado pela ditadura militar e em seu período de mandato ocorreu a primeira eleição direta para governador, em 1982.
 
Engenheiro civil, nascido em Miranda (MS), no ano de 1928, Pedro Pedrossian foi diretor da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB) e, nas eleições de 1965, aos 34 anos de idade, elegeu-se governador de Mato Grosso. Praticamente desconhecido, seu nome ganhou destaque devido ao forte apoio dado à sua candidatura pelo então senador Filinto Müller (PSD-MT). Sua chegada ao governo de Mato Grosso do Sul se deu após duas tentativas frustradas e que levaram o estado a ter, entre 1979 e 1980, três governadores.
 
Conforme a historiadora Marisa Bittar (2009), a nomeação de Pedro Pedrossian pelo general presidente João Figueiredo (PDS) foi uma articulação feita para garantir que o estado ajudasse a ditadura, já em seus momentos finais, a vencer o pleito direto aos governos estaduais que ocorreriam em 1982. Pedrossian deixou o Senado para se tornar governador.
 
Afamado pelas grandes obras públicas executadas no antigo Mato Grosso, Pedro Pedrossian administrou o novo estado tendo nas obras sua principal característica. No início de 1981 lançou o projeto Apaporé, um pacote de obras, principalmente de pavimentação de rodovias, que pretendia abranger desde a região do rio Apa, em Bela Vista, até a região do rio Aporé, no município de Cassilândia; o início do Douranaguá, com objetivo de pavimentar o trecho da BR-163 de Dourados à divisa com o Paraná; o Guairá-Porã, na região de fronteira com o Paraguai, e o projeto Getúlio Vargas, voltado para a realização de obras rodoviárias na região da Grande Dourados. Foi nessa gestão que se deu também a conclusão da BR-463, entre Dourados e Ponta Porã.
 
No entanto, apesar de tantas obras, muitas delas não foram encerradas, principalmente por motivos políticos, e só foram concluídas na gestão posterior. O motivo político maior para a paralisação de muitas foi a não aprovação, no Senado, de um empréstimo de 200 milhões de dólares ao Estado, articulada pelos 3 senadores sul-mato-grossense (Rachid Derzi, José Fragelli e Antônio Mendes Canale), simplesmente por vingança política.
 
Ainda a respeito de obras públicas, foi nesse período que nasceu aquele que é talvez o maior símbolo do pedrossianismo: a construção da maior parte do Parque dos Poderes. O complexo administrativo instalado em Campo Grande, no interior de uma reserva florestal pertencente ao Estado, onde passou a funcionar as sedes dos 3 poderes: Governadoria (Executivo); a Assembleia Legislativa (Legislativo) e o Tribunal de Justiça (Judiciário).
 
Na área social, aquela administração criou o Panelão, programa administrado pela Fundação de Assistência Social (FASUL) e coordenado pela primeira-dama Maria Aparecida Pedrossian, cujo princípio era a venda de gêneros alimentícios a preços abaixo do praticado no mercado à população carente do estado.
 
Politicamente, esta administração foi muito beneficiada pelo governo federal, já que para garantir a vitória nas eleições de 1982 o governo João Figueiredo recorreu a um dos velhos vícios da política brasileira, o da liberação de verbas públicas às vésperas de pleito eleitoral. No poder Legislativo contou com uma boa equipe de deputados a seu favor, mas nem por isso escapou das críticas da oposição, liderada pelo PMDB.
 
Na área educacional, realizou-se, em 1981, o primeiro concurso público de Mato Grosso do Sul para professores. Contudo, de acordo com os pesquisadores Wilson Biasotto e Laerte Tetila (1991), foi com essa categoria que o governo endureceu o tratamento, após a primeira grande greve do magistério no final de 1981. Em seguida, demonstrou seu estilo centralizador ao criar uma entidade paralela àquela que representava os professores (Feprosul), a Associação dos Professores de MS (APMS), que congregava somente professores ligados ao partido governista, o PDS.
 
O ano de 1982 foi marcante para Mato Grosso do Sul e para Pedro Pedrossian testar sua popularidade. Primeiro, porque seria a primeira vez que o estado escolheria seu governador pelo voto direto. Segundo, Pedrossian ao indicar um nome de sua confiança para sucedê-lo no governo, o do ex-prefeito de Dourados José Elias Moreira (PDS), colocaria à prova sua gestão de pouco mais de 2 anos.
 
Entretanto, as forças oposicionistas de direita e de esquerda concentradas no PMDB e em seu candidato Wilson Barbosa Martins, venceram o pleito do histórico dia 15 de novembro. Foi uma vitória apertada. No interior, José Elias saiu vitorioso, mas, foi na capital que Wilson Martins levou vantagem e tornou-se o primeiro governador eleito deste estado. Os outros dois candidatos ao Executivo estadual, Wilson Fadul (PDT) e Antônio Carlos (PT) tiveram desempenho pífio. 
 
Nascia no estado uma rivalidade entre 2 grupos políticos que marcou os seus primeiros 20 anos: o grupo de Wilson Barbosa Martins versus o de Pedro Pedrossian.
 
Pedro Pedrossian voltaria a disputar eleições em 1986, para o Senado, mas perdeu derrotado pela dupla do PMDB: Wilson Martins e Rachid Derzi. Seu retorno ao governo se daria em 1990, desta vez eleito pelo povo.
 
(*Wagner Cordeiro Chagas é professor-mestre de História em Fátima do Sul - MS e autor do livro As eleições de 1982 em MS - Life Editora 2016)


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Postado por: Wagner Cordeiro Chagas (*), 17 Julho 2017 às 12:15 - em: Falando Nisso


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