“Las Vegas” vespertina ou... “Canto do Galo” 2

A polêmica sobre o jogo no Brasil é mais embaixo. Trata-se de algo cultural e histórico. Desde que no fim do século 19 Barão de Drumont inventou o então inocente jogo do bicho pra arrecadar fundos pro zoológico carioca, a jogatina não parou mais. Então, afinal, porque não se legaliza o jogo no Brasil...? Por dois motivos: hipocrisia e maracutaia (pra variar). Vejamos:

 

1º motivo - maracutaia: a legalização do jogo não interessa a maioria dos que tem o poder de legalizá-lo. É que, clandestino, "banqueiro" de jogo é obrigado a pagar "por fora", claro, desde polpudas doações a campanhas políticas até aquelas tais conhecidas propinas para autoridades em todos os níveis para poder não sofrer repressão oficial. Legalizados, pagarão impostos, gerarão empregos em carteira e não deverão "favor" a ser pago por fora. E isso não interessa a muita gente.

 


2º motivo - hipocrisia: Embora a maioria jogue, principalmente os nobres, que tem cacife, e até a igreja adore fazer seus binguinhos em quermesses pra arrecadar fundos, a sociedade jogadora considera que "pega mal" jogar às claras. Veja que quando a coisa é oficial não parece "feia", tanto que o jogo é monopólio estatal via loterias da Caixa. Essa hipocrisia é histórica. A jogatina foi proibida no Brasil em 30 de maio de 1946, por decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra. O motivo: hipocrisia. O veto só aconteceu porque o fotógrafo francês radicado no Brasil, Jean Manzon, da revista O Cruzeiro (do então poderoso grupo Diários Associados de Assis Chateaubriand, o Chatô) fez fotos através de um buraco no telhado do Cassino da Urca flagrando autoridades e outras personalidades que pregavam o falso moralismo jogando e flertando abertamente com belíssimas mulheres naquele delicioso antro de “pecados”. Como Chatô não quis comprar e publicar feitas por Manzon em horário de folga, o repórter fotográfico as vendeu, por uma fortuna, para Roberto Marinho, editor do O Globo. Marinho, antes de publicar a reportagem da hipocrisia nacional em seu jornal, avisou o presidente da República. Daí a "coincidência" de o decreto de Dutra ter sido editado exatamente no dia em que saiu a foto-reportagem no jornal de Marinho. Entendeu agora?



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Postado por: Marco Eusébio, 20 Maio 2009 às 10:38 - em: Principal


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