A politização da pandemia era bastante previsível por esses nossos trópicos. Afinal, a tensão que alimenta as correntes pró e contra o governo Bolsonaro é detectada no radar da política desde os idos eleitorais de 2018, e o comportamento açodado do chefe do Estado, nos últimos tempos, tem funcionado como lenha na fogueira. A esta altura, não há arquitetura diplomática que consiga conciliar as duas visões que impregnam o pensamento nacional.
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A vida é um eterno recomeço. Fosse escolher a lenda que mais se assemelha à sua vida, provavelmente o povo brasileiro colocaria a história do castigo de Sísifo entre as preferidas. Sísifo, que viveu vida solerte e audaciosa, conseguiu livrar-se da morte por duas vezes, sempre blefando. Rei de Corinto, não cumpria a palavra empenhada, até que Tânatos veio buscá-lo em definitivo. Como castigo, os deuses o condenaram impiedosamente a rolar montanha acima um grande bloco de pedra. Quase chegando ao cume, o bloco desaba montanha abaixo.
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Que a democracia representativa está em crise, aqui e alhures, não há como duvidar. O tema tem sido recorrente na mídia e nos trabalhos da Academia. Para amparar a tese, ora recorre-se aos mecanismos tradicionais da política, cuja deterioração se acelerou no final da década de 80, com a queda do Muro de Berlim; ora se pinça a lição de Norberto Bobbio, que lembra as promessas não cumpridas pela democracia.
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As preocupações globais das últimas semanas têm dado as cartas na economia de muitos países. Lamentavelmente, isso se deve à propagação do novo coronavírus. O receio da epidemia, que já provocou centenas de mortes, também tem causado retração na produção de muitos países, principalmente daqueles que têm o maior número de casos registrados.
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Demócrito e Heráclito, dois grandes filósofos, tinham concepções diferentes sobre a condição humana. O primeiro ridicularizava a vida e o homem. Só aparecia em público com um ar arrogante e zombeteiro; o segundo, ao contrário, tinha compaixão pelo ser humano, demonstrando solidariedade com seu semblante sempre entristecido e os olhos marejados de lágrimas.
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No momento em que o Brasil entra de corpo e alma na folia carnavalesca, vêm à mente três seres que resumem o repertório de conceitos, mazelas e problemas que devastam as esferas da gestão, da política e da economia. São eles: a vaca, o vampiro e o Pinóquio. A vaca é a Grande Mãe, a deusa que, para o homem primitivo, se repartia nos rios, nas árvores, nos fenômenos naturais e que, entre nós, assume também a posição de entidade que encobre, abriga, defende, acalenta, aconchega. A vaca é o próprio Estado, que acaba oferecendo suas tetas para milhares de brasileiros sugarem o leite. Muitos até que merecem, pois são exemplos de bons profissionais. Bolsonaro tenta cortar o acesso dos políticos às tetas do bovino, mas a lei de São Francisco é mais forte.
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Pode um pai ou uma mãe amaldiçoar o próprio filho? Mesmo consciente do amor que sente por ele a ponto de dar a própria vida para salvá-lo? Amaldiçoá-lo de forma que dificulte ou até, em muitos casos, impeça seu crescimento pessoal, profissional, amoroso e familiar? Enfim, de prejudicá-lo por toda vida? A resposta, infelizmente, é SIM! E pior: Essa maldição nem sempre é consciente. É sutil, sorrateira. Se disfarça de "educação rigorosa", de "falar a verdade", ou simplesmente por que os pais não se dão conta do poder e da força das palavras dirigidas aos filhos não só em momentos de raiva, de explosão, mas no cotidiano, normal.
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O lamento do timoneiro Simon Bolívar, expresso há dois séculos, parece apropriado para explicar esses tempos tão conturbados: "não há boa fé na América, nem entre os homens nem entre as nações. Os tratados são papéis, as constituições não passam de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida um tormento". O cotidiano nacional que o diga.
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